‘La Casa de Papel’ estreia 3.ª temporada com orçamento maior e assalto impossível

Em entrevista ao 'Estado', elenco comenta ambição da nova temporada que estreia nesta sexta, 19

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Foto do author Thaís Ferraz
Elenco da série 'La Casa de Papel' Foto: Netflix

BOGOTÁ - Esqueça a Casa da Moeda, o novo golpe da quadrilha da série La Casa de Papel é muito maior. A terceira temporada, que estreia na Netflix nesta sexta, 19, reúne os mascarados na missão impossível de roubar ouro do impenetrável Banco da Espanha. Tudo isso em meio a uma guerra declarada contra o Estado, ou melhor, o “sistema”. 

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Atenção: a partir daqui, o texto tem alguns spoilers da 3.ª temporada de La Casa de Papel. 

Tudo começa dois anos e meio após o roubo de € 984 milhões da Casa da Moeda. Como parte do plano, os protagonistas são divididos em duplas e enviados a diferentes países, sem contato uns com os outros. O Professor (Álvaro Morte) é o único que sabe onde cada dupla está.

Rio (Miguel Herrán) e Tokio (Úrsula Caberó) vivem seu romance numa pequena ilha do Caribe. “Pescamos nossa comida, nus, selvagens, mas com algum luxo”, conta a protagonista que, como nas temporadas anteriores, narra a história. Mas Tokio termina o relacionamento e parte para a cidade mais próxima. Quando Rio tenta contatá-la por telefone, é rastreado pela Interpol e capturado.

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Para tentar salvá-lo, o Professor convoca toda a quadrilha. O objetivo já não é enriquecer, mas declarar guerra ao Estado, que tortura Rio em alguma prisão desconhecida. Vistos como Robin Hoods pela população, os bandidos se declaram ‘resistência’.

“A terceira temporada é muito mais intensa do que as outras, em todos os sentidos”, afirma Alba Flores, que interpreta Nairóbi, em entrevista ao Estado. “Há mais ação, a relação entre os personagens traz mais peso para a história. O Professor está mais consciente do que faz, e tudo isso aumenta a voltagem da história e leva os personagens à jugular do sistema.” 

Ao contrário dos anos anteriores, dessa vez não há um plano perfeito. “No primeiro roubo, o Professor deu um golpe totalmente planejado. Ele conhece cada uma das possíveis variáveis que podem existir”, explica Álvaro Morte, que vive o cérebro e líder do grupo. “Agora, no entanto, ele trabalha com um plano que não estava terminado. Precisa agir logo para salvar Rio e tem uma missão ainda mais difícil pela frente.” 

Alba Flores é Nairóbi em 'La Casa de Papel' Foto: Tamara Arranz Ramos/Netflix

Para além da ação, a 3.ª temporada de La Casa de Papel também adiciona intensidade ao relacionamento entre os personagens. Tokio e Rio passam por uma crise; Estocolmo (Esther Acebo) briga com Denver (Jaime Lorente) porque ele não entende sua força como mulher. 

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Vivendo juntos, o Professor e sua antiga antagonista, policial Raquel (Itziar Ituño) – agora parceira de crime com o apelido Lisboa – paradoxalmente parecem levar o relacionamento menos conflituoso do seriado. Isso não quer dizer, no entanto, que ele não influencie a história. “Antes, o professor era um homem solitário, mas agora tem uma companheira e isso muda seus conflitos e suas motivações”, afirma Morte. 

Orçamento

Embora a Netflix não divulgue dados de suas produções, fica claro, desde o primeiro episódio, que a 3.ª temporada de La Casa de Papel contou com um orçamento turbinado. As gravações foram realizadas em países como Panamá, Argentina, Espanha, Itália, Filipinas e Tailândia. A produção é caprichada e tem um quê de Hollywood.

O modelo de flashbacks, que consagrou a série, ganhou ainda mais peso. “Temos mais linhas de tempo, que se passam em diferentes países”, conta Alba. “Com duração de 50 minutos, os episódios são mais ágeis e vão direto ao assunto. É uma grande diferença na dramaturgia.”

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A febre 'La Casa de Papel'

Lançada em 2017, La Casa de Papel é uma série espanhola assinada por Álex Pina e veiculada pelo canal de TV Antena 3. A produção foi distribuída na Espanha e comprada pela Netflix no final do mesmo ano.

Uma vez disponível no catálogo da gigante do streaming, La Casa de Papel se tornou uma febre nos países latinos e de língua espanhola. As máscaras dos assaltantes, que imitam o rosto do pintor Salvador Dalí, tomaram até o carnaval no Brasil.

“Não há um segredo específico ou uma fórmula mágica para o sucesso do seriado, mas acredito que a produção usa elementos que emocionam as pessoas”, afirma Darko Peric, que interpreta o personagem Helsinki. Ele cita especificamente a iconografia de La Casa de Papel. “A máscara é um símbolo, assim como Bella Ciao (canção antifascista italiana que se torna o hino dos assaltantes)”, diz. “O uso da cor vermelha, a mesma da Coca-cola, Netflix e Marlboro, também.”

Para Álvaro Morte (o Professor), o segredo está na identificação com os conflitos internos dos personagens. “Os elementos visuais e sonoros são importantes, mas acho que o que mais encanta o público é a ideia da resistência”, afirma. “Há esse mote de que é possível lutar contra as injustiças e mudar as coisas, e qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo pode se identificar com isso.” 

Líder do grupo durante o primeiro assalto, Berlim (centro) foi morto na segunda temporada Foto: Netflix

Berlim, interpretado por Pedro Alonso, é o líder dos assaltantes na primeira temporada. Personagem de várias camadas, sofre de uma doença degenerativa, tem pouco tempo de vida pela frente e é, de longe, o mais sádico dos assaltantes. 

Apesar do currículo, Berlim se tornou um dos personagens mais amados da série, talvez o mais. No tapete vermelho da pré-estreia de La Casa de Papel, em Bogotá, onde apareceu de surpresa, Alonso comentou sobre o apelo do seu personagem. “Talvez ele seja tão popular porque sua condição permite que ele veja coisas e faça coisas que, na vida normal, ninguém teria coragem de fazer”, disse.

Fuzilado no final da segunda temporada, Berlim aparece com muita frequência nos novos episódios, em flashbacks. O carinho do público pelo personagem é tão grande que há quem alimente esperanças de que ele esteja vivo e logo vai reaparecer. Misterioso, Alonso apenas responde “sim”, quando questionado se estará na quarta temporada do seriado. 

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Álvaro Morte promete que os novos capítulos vão trazer ainda mais complexidade aos personagens. “Você vê as duas primeiras partes do seriado, acha que tal personagem é assim, não é? Pois não, amigo. Será tudo muito surpreendente.” 

A vez dos novos. Com as mortes de Berlim, Oslo (Roberto García) e Moscou (Paco Tous) na segunda temporada, o Professor precisa recrutar novos assaltantes. Entram, agora, Palermo (Rodrigo de La Serna), Bogotá (Hovic Keuchkerian) e Marselha (Luka Peros). 

Palermo, ‘o engenheiro’, é um antigo amigo do Professor e de Berlim. Bogotá é um exímio soldador, que encara o assalto como uma oportunidade profissional. Não se sabe mais nada sobre os novos recrutas/assaltantes além disso.

Outra personagem que surge na história é Alícia, uma policial grávida e misteriosa, que é responsável por torturar Rio – e parece sentir algum prazer nisso. 

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O Professor, que é interpretado porÁlvaro Morte Foto: Tamara Arranz Ramos/Netflix

ENTREVISTA

ÁLVARO MORTE, O PROFESSOR 'Agora, as coisas fogem do seu controle'

Dois anos e meio se passaram entre o final da segunda temporada de La Casa de Papel e o início da terceira. O que aconteceu com seu personagem, o Professor, nesse meio tempo? Ele deixou de ser tão solitário, agora que está com Raquel (a policial vivida pela atriz Itziar Ituño). Mas o maior conflito do personagem não se dá nesse nível pessoal. O que muda é que agora as coisas fogem do seu controle. Se antes ele era capaz de prever todas as possibilidades e cada passo dos seus inimigos, sem grandes dificuldades, agora ele tem de liderar um plano que não está fechado. Ele está dando muitas voltas nisso.Qual é o grande trunfo dessa terceira temporada? Acredito que seja o fator surpresa para o telespectador. Ele assistiu às duas primeiras temporadas e agora acha ‘bom, é isso, esse personagem é assim’, certo? Pois não, ‘tio’. A terceira temporada vai ser muito surpreendente. 

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