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Manoel Carlos e os elementos que nunca podem faltar em suas novelas

Autor de obras como ‘Laços de Família’, ‘Mulheres Apaixonadas’ e ‘Por Amor’ completa 90 anos nesta terça, 14

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Foto do author André Carlos Zorzi

Manoel Carlos comemora 90 anos de idade nesta terça-feira, 14. Veterano, esteve presente na TV brasileira desde os seus primórdios, com passagens por emissoras como Tupi, Excelsior e Record, mas é das novelas da Globo feitas na década de 1990 em diante que a maior parte do público se lembra. O Estadão relembra abaixo alguns elementos que não podem faltar numa boa novela do autor.

Manoel Carlos em foto de fevereiro de 1998, à época em que escrevia 'Por Amor'.  Foto: Vidal da Trindade/Estadão

As Helenas

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Provavelmente a característica mais associada às obras escritas por Manoel Carlos seja a presença de uma Helena em suas novelas, em papel de destaque. Em geral, mulheres fortes ou que passam por situações complexas. A ‘queridinha’ do autor foi Regina Duarte, que interpretou três Helenas diferentes. A Helena mais recente foi vivida por Julia Lemmertz, curiosamente, filha da primeira atriz a ser a personagem, Lilian Lemmertz.

Em ordem, as Helenas de Manoel Carlos: Lilian Lemmertz (Baila Comigo, 1981), Maitê Proença (Felicidade, 1991), Regina Duarte (História de Amor, 1995/Por Amor, 1997/Páginas da Vida, 2006), Vera Fischer (Laços de Família, 2000), Christiane Torloni (Mulheres Apaixonadas, 2002), Taís Araújo (Viver a Vida, 2009), Julia Lemmertz (Em Família, 2014).

Antônio Fagundes e Regina Duarte como Atílio e Helena, personagens da novela 'Por Amor' (1998).  Foto: Canal Viva/Divulgação

Em 2009, a personagem trouxe o marco de ser a primeira protagonista negra de uma novela no horário nobre da Globo. Em entrevista ao Estadão, à época, o autor minimizava o fato.

Estado: Pela primeira vez, a Helena é jovem e negra. Qual é a importância que você dá a essas duas informações?

Manoel Carlos: Só dou importância ao fato de ser jovem. É natural que todos pensem que o principal é que ela é negra, mas não é. Quando comecei a criar a trama, tive vontade de fazer uma Helena menos maternal, porque todas as minhas Helenas viviam em função dos filhos e da família. [...] Cheguei à Taís Araújo porque sempre quis fazer uma novela com ela. Por isso, não importa o fato de ela ser negra. O mais importante é que ela convença como top model, e a Taís, que tem uma beleza internacional, convence.”

Taís Araújo ao lado de José Mayer durante as gravações de 'Viver a Vida' (2009).  Foto: Globo/Divulgação

Quando a novela completou 10 anos de exibição, Taís Araújo comentou as antigas declarações de Manoel Carlos: “Eu entendo o Maneco. Esse desejo, na época, também era um desejo meu - olha que loucura. Puramente por falta de entendimento da sociedade em que a gente vivia e vive. Minha ingenuidade era tão grande quanto ao Brasil, que, na época, eu achava que o Brasil era aquele cordial que foi vendido para a gente a vida inteira”.

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Mas por que Helena? Segundo o próprio autor, a inspiração é na figura de Helena de Troia.

Leblon

O foco das novelas costuma girar em torno de famílias abastadas, sempre na capital fluminense, especialmente na região do Leblon. “Eu escolhi o Leblon porque eu conheço o Leblon. Andava diariamente de mãos dadas com meu filho”, explicou ao Conversa com Bial em 2020.

Em entrevista ao Estadão em 2003, Manoel Carlos foi questionado se o seu “Rio quase suíço” retratado em sua novela, com mais paz e tranquilidade, seria uma amenização da vida real. “O Rio é violento como tantas outras cidades, mas não deixamos de viver por conta disso. Meus personagens comentam a violência, o que acontece nas ruas, mas não se trancam em casa, assim como o resto da população. As praias permanecem cheias, os idosos andam no calçadão, as crianças saem a passar com seus cachorros. Exatamente como eu faço, minha família e meus amigos”, respondia.

Dr. Moretti

O nome Moretti acompanhado por um homem de jaleco branco em ambiente hospitalar, chamado por “doutor”. Para quem já viu as novelas de Manoel Carlos, provavelmente essa imagem soa familiar - mas é bem possível que cada um se lembre de um ator diferente, afinal, foram vários: Francisco Dantas (A Sucessora), Castro Gonzaga (Por Amor), Henrique César (Páginas da Vida), Serafim Gonzales (Mulheres Apaixonadas), Lionel Fischer (Viver a Vida) e o mais famoso, José Mayer (História de Amor).

Fischer, em 2010, deu uma entrevista ao Vídeo Show contando o que há por trás do personagem: “Todas as novelas do Maneco aparece o Dr. Moretti. É uma história muito interessante. O Dr. Moretti existiu, ele foi médico da família do Maneco durante cinquenta anos. Então o Maneco, em tributo a essa pessoa tão importante na vida dele, em toda novela coloca esse Dr. Moretti”.

A médica Helena (Regina Duarte) faz o parto de Nanda (Fernanda Vasconcellos) em 'Páginas da Vida' (2006).  Foto: Márcio de Souza/Globo/Divulgação

Amor, Vida e Família

As palavras “amor”, “vida” e “família” parecem ter um espaço especial para a criatividade de Manoel Carlos na hora de escolher o título de suas obras. Exemplos não faltam: Viver a Vida, Páginas da Vida, Laços de Família, Em Família, Por Amor, História de Amor, Novo Amor...

Trilha Sonora

Por fim, músicas da MPB, geralmente com melodias calmas ou letras abordando sentimentos, especialmente quando se trata do tema de abertura. Músicas como Wave, Falando de Amor, Sei Lá (A Vida Tem Sempre Razão), Corcovado (Quiet Nights of Quiet Stars) trouxeram o trabalho de artistas como Tom Jobim e João Gilberto com destaque às telas.

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Manoel Carlos à época em que escrevia a novela 'Laços de Família', em foto de fevereiro de 2000.  Foto: André Lobo/Estadão
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