Morre a jornalista e apresentadora Glória Maria aos 73 anos

Um dos principais nomes do jornalismo brasileiro, ela estava internada no Rio; em 2019, tratou de um câncer de pulmão e recentemente fez tratamento para combater metástases cerebrais

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Por Redação
Atualização:

A jornalista e apresentadora Glória Maria morreu na manhã desta quinta-feira, 2, no Rio, aos 73 anos. Ela estava internada, tratando um câncer. Glória deixa duas filhas, Maria e Laura.

“É com muita tristeza que anunciamos a morte de nossa colega, a jornalista Glória Maria”, informou a TV Globo, em nota. “Em 2019, Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia. Sofreu metástase no cérebro, tratada em cirurgia, também com êxito inicialmente”, prossegue o texto.

A jornalista Glória Maria durante entrevista ao 'Estadão', em sua casa no Leblon, no Rio, em 2008  Foto: Wilton Júnior / Estadão

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“Em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Glória morreu esta manhã, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio”, diz o texto.

Por causa do tratamento, Glória estava afastada do Globo Repórter, onde trabalhava fazia 12 anos, há mais de três meses. O último programa que ela apresentou foi ao ar no dia 5 de agosto de 2022.

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Glória Maria participou de inúmeros momentos marcantes da TV brasileira, especialmente na Globo. Ela foi a primeira a entrar ao vivo no Jornal Nacional na transmissão da primeira matéria a cores do noticiário, em 1977, mostrando o movimento de saída de carros do Rio de Janeiro, em um fim de semana.

Gloria Maria entrevista Mick Jagger para o Jornal Nacional em 1984 Foto: Reprodução TV Globo

Mostrou mais de 100 países especialmente na Europa, África e parte do Oriente, de onde revelou um mundo novo ao telespectador.

Ela nasceu em Vila Isabel, zona Norte do Rio, e se formou em jornalismo na Pontifícia Universidade Católica (PUC), no Rio. Seu primeiro estágio foi no programa do Chacrinha, na TV Globo, ainda nos anos 1960.

A estreia como repórter foi em 1971 na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Aos poucos, começou a colecionar grandes feitos na tela: no Bom Dia Rio, fez a primeira reportagem do matinal local, há 40 anos, sobre a febre das corridas de rua.

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A jornalista Glória Maria em matéria de viagem feita para o Globo Repórter Foto: TV Globo

Em janeiro de 1977, cobriu a posse do presidente americano Jimmy Carter em Washington. No Brasil, também entrevistou chefes de Estado, como o ex-presidente João Baptista Figueiredo.

“Foi quando ele fez aquele discurso dizendo ‘eu prendo e arrebento’. Na hora, o filme acabou e não tínhamos conseguido gravar. Aí eu pedi: ‘Presidente, é a TV Globo, o Jornal Nacional, será que o senhor poderia repetir? Problema seu, eu não vou repetir’, disse Figueiredo. Onde ela chegava, o ex-presidente dizia para a segurança: ‘Não deixa aquela neguinha chegar perto de mim’”, relembrou ela, em depoimento à Globo.

Na emissora, tornou-se conhecida pelas matérias especiais e viagens a lugares exóticos, especialmente a partir de 1986, quando passou a integrar a equipe do Fantástico, programa do qual foi apresentadora entre 1998 e 2007. Glória entrevistou celebridades como Michael Jackson, Harrison Ford, Fred Mercury, Nicole Kidman, Leonardo DiCaprio e Madonna.

Com a cantora, aliás, viveu um momento único: ciente da impaciência de Madonna (a cantora chegou a debochar de Marília Gabriela por causa de seu inglês) e também por contar com apenas 4 minutos para fazer a entrevista, ela, nervosa, disse: “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos.” Para sua surpresa, a cantora virou-se para a equipe técnica e disse: “Dê a ela o tempo que ela precisar”.

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Foi amiga de diversos artistas nacionais, como Roberto Carlos para quem apresentou seu especial de TV em 2010, na Praia de Copacabana. Ela também oi escolhida pelo Rei para a entrevista que concedeu em sua residência e na qual ele acabou cantando para ela.

Em 2011, Glória apresentou o show que o cantor fez em Jerusalém. Na ocasião, Roberto Carlos tirou a apresentadora para dançar.



Glória Maria participou ainda de coberturas relevantes, com a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada japonesa no Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).

Depois que encerrou sua passagem pelo Fantástico, Glória Maria ficou dois anos longe do ar para se dedicar a projetos pessoais, como as viagens à Índia e à Nigéria, onde trabalhou como voluntária. Nesse período, adotou as meninas Maria e Laura.

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Em setembro de 2019, Sérgio Chapelin se aposentou, após 23 anos no Globo Repórter. A partir daquele mês, Glória Maria passou a dividir o programa com a jornalista Sandra Annenberg.

“Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais”, disse o comunicado enviado pela Globo,


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