O ator Ney Latorraca, que morreu na última quinta-feira, 26, aos 80 anos, marcou época na televisão brasileira com Vlad, o Conde vampiro da novela Vamp, de 1991. Engana-se, no entanto, quem acredita que a interpretação pouco convencional do artista tenha sido unanimidade durante a exibição do folhetim.
Se vampiros são conhecidos por sua aura amedrontadora, mas igualmente sedutora, Ney tomou outro caminho para dar vida ao icônico vilão. O exagero e a comicidade, parte primordial do repertório do ator, se tornaram a marca de Vlad. Em entrevista ao Fantástico, Edi Botelho, viúvo do artista, relembrou as críticas enfrentadas por Ney e a postura do ator frente as opiniões divergentes.
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Segundo Edi, Ney não via sentido em interpretar um vampiro sério em uma novela das setes, folhetim conhecido pelo seu humor. “Ele contava uma história que, às vezes, vinha um memorando falando que estava muito exagerado”, revelou o viúvo à TV Globo. “Então, ele combinava na época com alguns atores para fazer tudo sério. Foi um horror”, disse.
A produção, então, pediu para que retornassem ao modo antigo e concedeu liberdade para Ney interpretar Vlad da maneira que ele achava melhor. “O Ney era essa pessoa irreverente. Então, ele trazia isso para os personagens. A personalidade dele estava sempre na frente. E eu acho que é isso o sucesso dele”, afirmou Edi.
“Eu imaginava que quando fosse chegar o vampiro, seria aquele vampirão falando grosso, sabe coisa assim? E chega Ney Latorraca como Ney Latorraca”, afirmou a atriz Patrícia Travassos ao programa. “Ele debocha do personagem. Sabe? Da maneira de falar. Ele era irônico. Ele era inesperado. Quando você acha que ele vai dar uma gargalhada gigantesca, ele dá um sorriso e fala uma coisa engraçada”, disse.
O papel, que deveria ser uma ponta de três meses na novela, acabou conquistado o público e se tornando um dos pilares da novela. No teatro, Ney Latorraca voltou a interpretar Vlad em 2017, na peça Vamp: O Musical.
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