Dos grandes streamings, o Star+, que é lançado no Brasil no dia 31, é aparentemente o último. Mas o serviço da Disney, com um conteúdo mais adulto do que o disponível no Disney+, vem preparado. O Star+ vai ter as temporadas completas de The Walking Dead, incluindo a 11ª e última com exclusividade, This Is Us, American Horror Story, Os Simpsons. Vai ter Grey’s Anatomy, Lost, Arquivo X. Filmes como Deadpool, Logan e Bohemian Rhapsody. Nem assim eles teriam como prever outros prováveis astros da plataforma: a dupla Messi, que assinou com o Paris Saint-Germain há poucos dias, e Neymar. O Star+ detém os direitos da Ligue 1.
Os esportes são um dos pilares do Star+ no Brasil e na América Latina. Além da Ligue 1, a plataforma tem os direitos de NBA, La Liga, Premier League, MBL. E promete oferecer mais câmeras e interatividade. “Ninguém tem esta proposta. Digo com humildade, mas também orgulho”, contou Diego Lerner, presidente da The Walt Disney Company América Latina, com exclusividade ao Estadão, referindo-se à aposta forte nos esportes ao vivo. Esse material vindo da ESPN foi um dos motivos da adoção de uma estratégia diferente da de outros países, que muitas vezes têm filmes e séries mais adultos do Star+, como um canal dentro do Disney+. Mas na América Latina o conteúdo adulto da Fox também é bem-sucedido e conhecido. Para Lerner, a distinção dos dois era fundamental. “No Star+ há espaço para um conteúdo mais irreverente, mais controverso, mais provocador.” Coisas como Os Simpsons, que até entraram em princípio no Disney+, mas encontraram sua casa definitiva no Star+. Ou Pose, a revolucionária série criada por Ryan Murphy que fala sobre a comunidade LGBT+ não branca na Nova York dos anos 1980. Ou A Teacher, sobre uma professora de ensino médio (Kate Mara) que tem um relacionamento sexual ilícito com um aluno menor de idade (Nick Robinson). Ou Big Sky, escrita por David E. Kelley (Big Little Lies), sobre duas detetives particulares que investigam o desaparecimento de duas irmãs. Claro que lançar dois serviços de streaming separados em menos de um ano contribui ainda mais para aquele sentimento de muitos consumidores de “como é que vou pagar tudo isso?”, mesmo que as plataformas tenham salvado a sanidade mental de muita gente durante o confinamento ocasionado pela covid-19. Lerner disse estar atento a essa preocupação. “A questão do preço é uma preocupação fundamental na América Latina, exacerbada pela pandemia e pela realidade socioeconômica”, disse ele. “Meu sonho como presidente desta companhia sempre foi chegar ao meio e à base da pirâmide, não somente à ponta. É uma característica da América Latina, e no Brasil ainda mais acentuadamente, o poder de compra estar no topo da pirâmide. Dez por cento da população do Brasil concentram quase 60% do poder de compra. A estratégia é alcançar as outras partes da pirâmide com conteúdo relevante e preço acessível.” Ele justificou que o custo ainda é muito menor do que aquele praticado pela TV por assinatura, por exemplo. O Star+ vai custar R$ 32,90 por mês, com quatro dispositivos em uso simultâneo, downloads limitados em até dez dispositivos e sete perfis, com controle parental. O Disney+ sai por R$ 27,90. Se os dois forem adquiridos, o preço total fica em R$ 45,90 – ainda assim mais barato que o Plano Premium da Netflix, que recentemente subiu seu preço para R$ 55,90. A desvantagem é que nem Disney+ nem Star+ tem opções mais enxutas de assinatura, como a Netflix, cujo plano básico, para uma tela, vale R$ 25,90. Diego Lerner destacou que todo o poder está nas mãos do consumidor. “Ele está cada vez mais no controle do que vai pagar para ver”, disse. “Porque nos aplicativos a realidade incontestável é que o cliente pode cancelar quando quiser.” E isso coloca mais responsabilidade nas costas das plataformas. “Há obrigação de fornecer um conteúdo e uma experiência relevantes. Não dá para conquistar só com preço baixo e marketing. Estamos confiantes que Star+ é uma experiência com conteúdo superlativo.” O Brasil é o país com maior potencial de banda larga na América Latina, então o objetivo da Disney é entrar para ser jogador de primeira linha. “Não sei se vamos ser o número 1 ou 2, mas achamos que vamos estar no jogo por muito tempo. A presença de múltiplos jogadores é bem-vinda, porque estamos tratando de investir em consumo digital.” Lerner elogia seus grandes concorrentes, a pioneira Netflix e a brasileira Globoplay, com quem o Disney+ faz parceria de venda de combo. “A Netflix foi pioneira em um modelo de negócios exitoso, mas também fez sucesso graças ao conteúdo de muitas companhias grandes, incluindo a nossa. Eles têm um lugar merecido no Brasil e na região. A Globo é outro grande player.” Como as outras plataformas do mercado, e seguindo o exemplo de Globoplay, o Star+ também vai investir em séries e filmes nacionais. São 66 já em produção. “A produção original é fundamental para a diversidade que define o DNA da nossa companhia. No top 10 de consumo digital sempre há 3, 4, 5 produtos da região, de primeira linha. O consumidor local exige conteúdo local”, disse Lerner. Chegar um pouco tarde à festa não assusta. “Estamos prontos para enfrentar o desafio. Não nos atemoriza. Nós gostamos.”
Principais apostas do Star+
The Walking Dead – Temporada 11 A derradeira temporada de uma das séries mais bem-sucedidas chega com exclusividade ao Star+. Only Murders in the Building Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez são estranhos obcecados por histórias reais de crimes. Genius Aretha Na terceira temporada da série sobre gênios da humanidade, a personagem é a cantora Aretha Franklin (Cynthia Erivo, que concorre ao Emmy). Love, Victor Inspirado no livro e no filme Com Amor, Simon, fala do adolescente Victor (Michael Cimino), que enfrenta desafios em casa e com sua orientação sexual. Solar Opposites As animações adultas têm local de destaque na plataforma. Além de Os Simpsons e Bob’s Burgers, estreia Solar Opposites, dos mesmos criadores de Rick e Morty, sobre alienígenas que vão morar no meio dos EUA.
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