Paulo Betti está de saída da Globo. Na emissora desde 1984, o ator tem mais duas semanas de gravações para a novela Amor Perfeito, atual novela das seis, antes de encerrar a parceria de 40 anos.
Em entrevista para o Estadão, Paulo conta que a decisão de rescisão partiu da emissora, que “enxuga o seu plantel”. E que está de acordo com a nova orientação de ter elencos com mais diversidade regional e racial. Uma medida “interessante e necessária”, avalia.
“Acho natural e salutar que haja renovação e adequação a novos tempos econômicos. Fui muito feliz nesse longo período que estive na Globo. Foi um período muito fértil e interessante, fiz trabalhos muito legais em novelas, especiais, minisséries. Timóteo em Tieta com o bordão ‘nos trinques’, o blogueiro malvado Théo Pereira com ‘cu-ru-zes’, e muitos outros que adorei fazer”, diz. “A nova orientação de ter elencos com mais diversidade regional e racial também é muito interessante e necessária. A novela Amor Perfeito tem metade do elenco negro, isso é maravilhoso. É nosso povo representado na tela!”
Paulo encerra o ciclo com uma perspectiva diferente, e “estimuladíssimo”, diz. “Todo final de ciclo, dá uma emoção, um frio na barriga. Isso é bom também. Minha mãe dizia que quando a água bate na bunda da gente, a gente é obrigado a aprender a nadar.”
Entre os projetos, destaca o desejo de viajar o Brasil levando o teatro para jovens. “Quero pegar um ‘busão’ e levar teatro pelo Brasil afora, fazendo encontros com jovens, uma caravana com Shakespeare envelopando o ônibus, não é bom?”.
Em outubro, o ator leva Autobiografia Autorizada para Curitiba, Londrina e Maringá, no Paraná, peça que deve ganhar uma segunda versão. Além disso, também trabalha na produção do filme da opereta A Canção Brasileira, já trabalhado por ele no teatro.
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Não descarta ainda a possibilidade de novas parcerias com a Globo. Mas a iniciativa em que foca as suas energias é junto da Associação Interartis, onde debate o PL 2.370. Esse projeto visa obrigar emissoras e plataformas de streaming a efetuar novos pagamentos de direitos autorais para cantores, atores e produções audiovisuais. A proposta, contudo, enfrenta resistência: artistas e empresas de radiodifusão não chegaram a um consenso, levando ao adiamento da votação na Câmara.
“Neste momento, estou muito preocupado e muito empenhado na questão dos direitos autorais. Nas lutas que estamos travando agora contra as Big Techs e com as redes de televisão. E estamos tentando fazer esse trabalho de conscientização das pessoas de que é importante uma remuneração quando os nossos trabalhos são exibidos novamente. Não é um favor, é um direito.”