Já foi a época que apenas a saudosa Malhação conquistava o engajamento dos jovens e audiência recorde na TV Globo. A nova novela das 19h, Vai na Fé, que recentemente completou 100 capítulos, frequentemente alcança os Trending Topics no Twitter, com o público enaltecendo os easter eggs de Wilma Campos, personagem de Renata Sorrah, que citou a icônica fala “Então me serve, v....”, de Nina para Carminha em Avenida Brasil (2010), o casal Bella Campos [atriz que interpretou recentemente a Muda, no remake de Pantanal (2022)] e Mc Cabelinho, melhor dizendo, o quase casal Jenifer e Hugo, as referências cristãs de Sol, personagem protagonista de Sheron Menezzes e as expressões, simpatia e confusões de Kate Cristina, interpretada por Clara Moneke.
Kate Cristina, a melhor amiga de Jenifer, é o ponto forte do humor na novela. A moça segue escondendo de Rafael, personagem de Caio Manhente, seu atual namorado e que sofre de depressão, que já se envolveu com seu pai Theo, o vilão interpretado por Emílio Dantas.
Ela também já tinha se envolvido com o “bandindinho” do Hugo - e morreu de ciúmes quando a amiga o beijou. Já o públicou, shippou mais que nunca o casal da vida real, que está junto desde novembro do ano passado.
Se eu fosse casado nem olharia pro lado...
Com flashbacks, referências aos bailes funks dos anos 2000 (alô Bonde do Trigrão e Mc Marcinho), imersão no universo cristão, núcleo jovem e com pautas que reforçam a representatividade negra, LGBT e saúde mental, a autora Rosane Svartman conseguiu conquistar a atenção de um público que se identifica com a trama dos personagens - além de trazer nomes influentes que a galera viu crescer na TV brasileira, como Mel Maia, a Ritinha/Nina de Avenida Brasil, e Jean Paulo Campos, o Cirilo, de Carrossel, do SBT.
Os atores interpretam Guiga e Yuri no folhetim e nessa altura da trama estão “ficando” - no entanto, o rapaz sabe que tem outro interesse amoroso de olho nele, Vini, papel de Guthierry Sotero.
Outro fato curioso que também tem chamado atenção é do personagem Lui Lorenzo, de José Loreto, um cantor fictício, mas que quebrou a quarta parede [expressão que significa romper a divisão e permitir uma interação entre espectador e ator/personagem] ao alcançar mais de 60 mil ouvintes mensais no Spotify. Sim, parte da trilha sonora da novela está disponível nas principais plataformas de streaming - e Pool Party, Joaninha, Se Eu Fosse Casado, já conseguiram mais de 100 mil streams.
Por conta do personagem, o ator teve a chance de cantar ao lado de Ivete Sangalo, em pleno Carnaval de Salvador, no trio elétrico da cantora, participar do Domingão do Huck com sua banda e spoiler!!!, gravar com Ludmilla e com a dupla sertaneja Maiara & Maraisa. As cenas devem ir ao ar ainda este mês.
Homenagem para O Clone e Avenida Brasil
O filho de Wilma Campos tem o charme de sua mãe os melhores easter eggs que fazem sucesso entre os noveleiros de plantão. Ao aconselhar o rapaz a ficar longe de Sol, ela citou uma fala de umas das obras clássicas da autora Glória Perez.
“’Não jogue o grão na terra, porque a natureza do grão é crescer’. Você continua jogando!”, disse ela, misteriosa.
“Shakespeare?”, questionou o rapaz. “Gloria Perez. O Clone (2002). Eu teria feito uma linda Jade [papel de Giovanna Antonelli], mas acharam que eu estava muito velha pra o papel e sobrou para mim a oitava esposa do tio Ali [Stenio Garcia]. Nem nome tinha. De véu o tempo todo. Eu arrasei. Não existe pequeno papel para uma grande atriz”, exibiu-se ela. No entanto, esse papel não existiu na novela, o Tio Ali tinha apenas quatro esposas.
A eterna Nazaré Tedesco, de Senhora do Destino (2004), não poderia deixar passar um dos maiores clássicos da TV brasileira: Carminha, personagem de Adriana Esteves em Avenida Brasil (2010), que fez também a vilã mais nova na obra de Aguinaldo Silva. Como disse o espectador, um “crossover memorável”.
Garota nota 100
E o que falar das dancinhas desse elenco? No TikTok é possível ficar ainda mais envolvido com o elendo da novela ao vê-los participando de diversas trends de sucesso. Inclusive, algo que está sempre presente no roteiro são os flashbacks dos personagens de Sol e Benjamin, feito pelo ator Samuel de Assis, Theo, Lumiar, papel trouxe Carolina Dieckmann de volta as novelas, e Bruna, nas mãos de Carla Cristina Cardoso. Jê Soares e Isacque Lopes interpretam o casal que era sucesso nos bailes funk da zona norte do Rio de Janeiro há 20 anos.
‘É para exaltar de pé, igreja’
O núcleo cristão também esbarra com assuntos mundanos quando a protagonista Sol, que antes coroada a rainha dos bailes funk, se converteu e entregou sua vida a Deus. No entanto, mesmo trabalhando como uma das dançarinas de Lui Lorenzo para conseguir sustentar sua família, a moça ainda entrega clássicos evangélicos.
Vai na Fé ainda tem metade do caminho para percorrer - e para os jovens e nem tão jovens noveleiros de plantão vale relembrar clássicos da cultura noveleira do nosso país com uma trend cheia de momentos inesquecíveis.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.