Seu mais famoso empreendimento, de 1871, foi o P. T. Barnum Grande Museu, Zoológico e Hipódromo Itinerante, uma mistura de circo, zoológico e museu de personagens freaks, com destaque, por exemplo, para uma mulher de 160 anos. Inovador para alguns, manipulador para outros, Barnum foi um empreendedor que ficou rico e reconhecido por entreter as pessoas.
Para viver um personagem tão fascinante, os produtores Gustavo Barchilon e Thiago Hofman convidaram o ator Murilo Rosa, que volta a um musical depois de estrelar Entusiasmo, em 2018, sobre pessoas e passagens importantes de sua carreira. Desde já, cresce a expectativa para se ver a cena em que Rosa anda, literalmente, na corda bamba.
Barnum era um homem sonhador, mas suas realizações só se transformavam em realidade graças à ação de sua mulher, Charity, o que tornava o casal completo. Tal papel será vivido por uma das principais atrizes do musical brasileiro, Kiara Sasso, cuja trajetória se confunde com o que de melhor se produziu no gênero no País.
O trio de grandes intérpretes do musical se completa com a presença de Giulia Nadruz, cuja versatilidade para o drama e a comédia é rara - é dela o papel de Jenny Lind, a mulher contratada para uma turnê e que desperta o interesse de Barnum, para o desespero de Charity.
Na trupe do circo, formada por figuras originais, o destaque é justamente Joice Heth, a tal mulher mais velha do mundo. Um papel cujo mistério regado a emoção cai como uma luva para Diva Menner, uma cantora trans recifense. Ainda que a história se passe no século 18, questões que continuam atuais vão pontuar o espetáculo. "A diversidade é ponto central nesta versão contemporânea. Se em sua época ele poderia gerar controvérsias, é sabido que, amado ou odiado, verdadeiro ou mentiroso, Barnum levantou discussões calorosas", afirma Barchilon.
E, além das questões que podem fomentar discussões, o espetáculo tem o espírito de seu protagonista, ou seja, investir na diversão. Afinal, Barnum era especialista em divertir as pessoas, especialmente usando elefantes. "Por mais que o espetáculo sensacionalista e as exibições de mau gosto sejam reprováveis hoje em dia, o que ele fez é reconhecido como o princípio de uma tendência de entretenimento", avalia Barchilon, também diretor do espetáculo.
Essa também é a meta dos produtores da versão nacional, que apostam em uma cenografia especial para o foyer do teatro, a fim de já ambientar o espectador na atmosfera circense que encontrará em cena.
Barnum tornou-se um personagem mundialmente conhecido depois da atuação de Hugh Jackman no filme O Rei do Show, de 2017, cuja trilha é considerada por alguns críticos como moderna demais. "Vamos apresentar um espetáculo 'old Broadway', com músicas e letras de gênios", continua Barchilon que, para isso, vai contar com a versão em português de Claudio Botelho. O original, que estreou na Broadway em 1980, foi escrito por Mark Bramble, com letras de Michael Stewart e músicas de Cy Coleman.
A versão nacional terá ainda a coreografia de Alonso Barros, a direção musical de Thiago Gimenes, os figurinos de Fabio Namatame, a cenografia de Rogério Falcão e a iluminação de Maneco Quinderé. O elenco será completado por mais nomes consagrados do musical brasileiro como Matheus Paiva (como Tom Polegar), Thiago Machado (Bailey) e Marcos Lanza (nos papéis de Amos Scudder e Morissey). E a trupe de circo é formada por Bel Lima, Renata Ricci, Ana Araújo, Bruno Ospedal, Fernanda Muniz, Gabriela Germano, Giu Mallen, João Siqueira, Leonardo Freitas, Luan Pretko, Lucas Candido, Sara Milca, Tiago Barbosa, Vicente Delgado e Vinicius Silveira.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.