Abecs apresenta proposta ao BC que limita o prazo do crédito rotativo

Segundo presidente da entidade, ideia de reduzir o prazo para cinco dias; após esse período, cliente seria migrado para o parcelamento de faturas com a incidência de juros

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Foto do author Matheus Piovesana

O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Giancarlo Greco, confirmou que a entidade propôs ao Banco Central (BC) limitar o prazo do crédito rotativo, como antecipou ontem o Estadão/Broadcast. Ele disse ainda que o setor de cartões e o regulador podem voltar a se reunir nos próximos 30 dias.

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“Hoje, depois de 30 dias [de atraso], começa a contar juros. O que a gente diz [propôs] é reduzir o prazo para cinco dias, para dar conta daquele pequeno atraso, e dali para frente entraria no parcelamento de fatura”, disse ele em coletiva de imprensa sobre os resultados do setor no terceiro trimestre deste ano.

Como mostrou ontem a reportagem, a Abecs trouxe de volta, em reunião com o BC, representantes de bancos e do varejo, a ideia de reduzir o prazo em que o cliente pode ficar no crédito rotativo. Depois de findos os cinco dias, esse cliente seria migrado para o parcelamento de faturas com a incidência de juros.

A proposta foi uma das que vieram à mesa durante a reunião. Enquanto representantes de fintechs propuseram a consolidação de parcelas futuras no parcelamento de faturas, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sugeriu limitar o parcelado sem juros, argumentando que uma limitação a seis vezes reduziria os juros do rotativo a algo próximo de um dígito por mês.

Segundo a proposta da Abecs enviada ao BC, expectativa é de que a entidade monetária reduza o prazo do rotativo do cartão Foto: Thiago Teixeira/Estadão

“A gente imagina uma série de mudanças estruturais que, ao longo do tempo, vão reduzindo os juros de forma consistente”, disse Greco nesta quarta-feira. O executivo voltou a dizer que a entidade é contra qualquer tipo de tabelamento de juros, como o que incidirá caso o setor não chegue a um consenso até o final do ano. “Não colocamos nenhuma medida específica para o PSJ.”

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Greco afirmou ainda que a tarifa de intercâmbio, que remunera os emissores, é algo específico do setor e que serve para dar sustentação aos benefícios oferecidos aos clientes, como os programas de ponto, e não para remunerar os riscos incorridos na concessão de crédito.

Segundo ele, as entidades envolvidas na discussão trocarão entre si as propostas apresentadas ontem. “Não há uma data para a nova reunião, o BC deve modelar algumas dessas propostas, mas eu entendo que em até 30 dias voltaremos a discutir”, afirmou.

Endividamento

O rotativo responde por 3% do endividamento das famílias brasileiras, de acordo com dados do Banco Central (BC), compilados pela Abecs. Essa fatia está distante das vistas entre o crédito imobiliário, de 39,6%, e o consignado, de 24,9%.

“Tem uma série de discussões, mas é muito importante a gente contextualizar o papel que o rotativo tem no endividamento”, disse o presidente da Abecs, Giancarlo Greco, em coletiva de imprensa sobre os resultados do setor no terceiro trimestre deste ano. “A representatividade do rotativo no endividamento é muito baixa.”

O rotativo tem sido alvo de uma discussão entre agentes de mercado, que tentam evitar a imposição de um teto de 100% do valor original da dívida para os juros da modalidade. A Abecs participou, ontem, de reunião com o Banco Central para discutir o tema. O teor da discussão foi revelado pelo Estadão/Broadcast.

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Greco tratou ainda da qualidade de crédito no mercado de cartões. Os dados do BC referentes a setembro mostram que a inadimplência do produto, pelo critério de atrasos acima de 90 dias, estava em 8,3%, marcando uma queda em relação ao pico de 8,8% visto em abril e maio.

“A queda na inadimplência precisa ser monitorada com cuidado, mas mostra que estamos caminhando para um outro momento”, afirmou o presidente da Abecs.

Compras online

Entre julho e setembro, os brasileiros fizeram R$ 212,2 bilhões em compras não presenciais com pagamento através dos cartões, de acordo com a Abecs. O número representa alta de 13% em relação ao mesmo período de 2022.

Em meio as discussões sobre mudanças nas regras do rotativo do cartão, compras online apresentaram um crescimento no País  Foto: Mark Schiefelbein/AP

O crescimento foi puxado pelo cartão de crédito, que é o de maior representatividade. O método de pagamento respondeu por R$ 204,1 bilhões em transações não presenciais, um crescimento de 12,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Por outro lado, o cartão de débito cresceu 40,5% no online em relação ao mesmo período do ano passado, movimentando R$ 3,8 bilhões, em crescimento superior ao do pré-pago (+23,2%). “As ações para melhorar o uso do débito no online vêm dando resultados”, disse o presidente da entidade, Giancarlo Greco, em coletiva de imprensa sobre os resultados do setor no terceiro trimestre deste ano.

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As empresas do setor unificaram programas de compras com débito sem senha no e-commerce e outros espaços virtuais justamente para que os cartões dessa modalidade decolem no uso na internet.

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