A presidência da Petrobras é sempre um dos cargos mais cobiçados na troca de governo durante o período de transição. Nas eleições deste ano, a escolha ganha contornos ainda mais estratégicos.
Diante dos desafios impostos pela disparada dos preços do petróleo no mercado internacional e da inflação, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, e pela crise de abastecimento na Europa, a escolha passa a ser ainda mais importante na definição da política econômica no início do próximo governo.
A perspectiva é de que o problema dos combustíveis seguirá vivo em 2023. Mesmo que sejam prorrogados a desoneração de tributos e os auxílios extraordinários, como o bolsa-caminhoneiro, estaremos longe de uma solução estrutural.
Mudanças na gestão da empresa estão em curso pelo governo do presidente Jair Bolsonaro e deverão continuar, independentemente do candidato que sair vitorioso nas urnas nas eleições de outubro.
Os três primeiros colocados nas pesquisas (Lula, Bolsonaro e Ciro Gomes) sinalizaram intenção de mudar a política de preços da Petrobras.
Defendida pelo ministro Paulo Guedes, a privatização da Petrobras não tem apoio contundente do presidente e, muito menos, das lideranças do Centrão.
O episódio mais recente da crise do governo com a Petrobras – em torno da recusa, pelo conselho de administração, de dois nomes indicados pela União e reprovados pelo Comitê de Elegibilidade (Celeg) – mostra que os problemas seguem. Entre os recusados, está o procurador-geral da Fazenda Nacional, Ricardo Soriano.
Se eleito, o ex-presidente Lula, que já falou em “abrasileirar” a política de preços da empresa, dificilmente conseguirá fazer uma transição radical num cenário de necessidade de escolhas difíceis de prioridades de políticas públicas.
Estaria Lula disposto a torrar de cara, por exemplo, R$ 120 bilhões, R$ 150 bilhões para segurar os preços dos combustíveis com risco elevadíssimo de descontrole fiscal num ambiente de gastos maiores já contratados para 2023?
É nesse contexto que as apostas para a presidência da Petrobras e a nova política de preços da estatal começam a ser colocadas à mesa.
Outro ponto nesse xadrez é que o próximo ministro da Economia não terá mais a força dos tempos do passado. Além de a pasta ser novamente dividida, hipótese dada como certa em todos os cenários, não se espera nessa eleição um novo Posto Ipiranga. O Congresso tomou para si o controle de boa parte da agenda econômica. Não vai largar o osso.
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