EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Repórter especial de economia em Brasília

Renan Filho precisa da chave do cofre do governo, que está com Fernando Haddad

Se não se meter a fazer obra nova, ministro dos Transportes terá resultados a mostrar

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Adriana Fernandes
Atualização:

O Brasil tem 8,6 mil obras paralisadas com recursos da União, de acordo com levantamento mais recente do Tribunal de Contas da União (TCU). O percentual de obras públicas paralisadas no País subiu de 29% para 38,5% nos últimos dois anos. Os números são assustadores. Falta de dinheiro, problemas no projeto e omissão política estão entre as razões para o desperdício de dinheiro público.

Boa parte dessas obras está licitada e contratada. Só precisa de dinheiro para terminar. Mas novos gestores e também senadores e deputados (com emendas parlamentares nas mãos) insistem no erro de anunciar e patrocinar a construção de novas obras.

Renan Filho, ministro dos Transportes Foto: Evaristo Sá/AFP

PUBLICIDADE

Novo ministro dos Transportes, Renan Calheiros, começa no cargo com R$ 20 bilhões para gastar em obras, como antecipou em entrevista ao Estadão. É muito dinheiro dada a escassez de recursos públicos para investimentos nos últimos anos com as restrições do teto de gastos. No campo das PPPs e concessões, ele vai precisar construir uma modelagem econômica que permita ser atrativo de um lado para os investidores e de outro viável para os consumidores das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. No sul e Sudeste é bem mais fácil fechar essa conta.

Ex-governador de Alagoas, Renan é um dos poucos ministros da Esplanada que sentou na cadeira já com um plano de ação para os primeiros 100 dias de governo: revitalização da malha rodoviária, preparação para o escoamento da safra, retomada das obras paradas, preparação para o período de chuva e fortalecimento da pronta resposta para emergências.

Se o novo ministro não se meter a fazer obra nova, terá grandes chances de chegar ao final do primeiro ano do governo com resultados para mostrar.

Publicidade

Para conseguir realizar e gastar o que tem à disposição, terá que ter ajuda do colega da Esplanada e ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Dono do cofre, Haddad tem um plano de ajuste que prevê uma diminuição de despesas em R$ 40 bilhões. Por um erro, a planilha do ajuste vazou num slide apresentado na primeira reunião da equipe econômica em uma das fotos distribuídas para a imprensa.

Como a PEC da Transição afastou restrições do teto de gastos e da meta fiscal, tudo indica que Haddad tentará fazer algum controle das despesas na “boca de caixa” para entregar um resultado fiscal melhor.

Lula prometeu na campanha aumentar investimentos e terminar obras. Por isso, a articulação de Renan com Haddad será muito importante para não faltar dinheiro.

Não por acaso que Renan Filho defendeu mudanças no arcabouço fiscal brasileiro para o Estado tocar os investimentos prioritários necessários ao crescimento do País. Renan está olhando para 2023, mas sobretudo para os próximos anos quando quer garantir mais investimentos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.