O início do governo Lula tem sido marcado por inúmeras manifestações do presidente que têm causado estragos sem qualquer tipo de ganho. É o chamado perde-perde. Quando muitos esperavam posições do presidente semelhantes às do primeiro mandato, em 2003, Lula da Silva tem surpreendido com declarações como questionar a independência do Banco Central e criticar a privatização da Eletrobras.
É sempre bom lembrar que tanto a independência do Banco Central como a privatização da Eletrobras foram decididas e aprovadas por lei no Congresso Nacional de forma totalmente democrática. Portanto, chama a atenção que o presidente Lula faça declarações de que o Banco Central funcionava melhor quando não era independente e que a privatização da Eletrobras teria sido quase uma bandidagem. Ou seja, o presidente está questionando, no final do dia, as decisões do Congresso. Isso termina por causar instabilidade regulatória e a insegurança jurídica, afastando do País investimentos.
Um Banco Central independente só nos aproxima de países que têm instituições fortes e regimes democráticos consolidados. Em 2022, o presidente do Banco Central foi eleito o presidente dos Bancos Centrais da América Latina. A escolha se deu pela forma como lidou para conter os efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia e o aperto financeiro global. Além do mais, não tomou nenhuma medida populista durante as eleições, ao contrário, 2022 foi um dos anos com juros mais elevados.
O modelo de privatização da Eletrobras é moderno ao criarmos uma corporation semelhante ao que existe em outros países para grandes grupos empresariais do setor elétrico, como a Engie francesa, a Enel italiana e a EDP portuguesa, dentre outros.
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Para que a Eletrobras continuasse sendo protagonista no setor elétrico brasileiro e mesmo mundial, especialmente em um setor que passa por grandes transformações, no contexto de transição energética e com o desenvolvimento de novas tecnologias, foi essencial a conclusão do seu processo de privatização. Assim, vai se transformar em uma empresa com competitividade e capacidade de fazer os investimentos e gerar os empregos que o País tanto precisa.
Portanto, a privatização da Eletrobras não foi uma escolha política ou ideológica, mas sim uma necessidade que tinha de ser resolvida de forma pragmática, sem buscar no passado soluções que já não se encaixam na realidade do mundo em que vivemos.
Nós, brasileiros, não merecemos ficar sempre olhando para trás, vendo o mundo pelo retrovisor, enquanto nossos parceiros enfrentam de forma decidida seus desafios visando a merecer o futuro.
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