EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

Opinião | A velha política intervencionista que já causou tantos prejuízos às empresas voltou

Mais uma vez a máxima de que, no Brasil, o passado é incerto se mostra mais atual do que nunca

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Adriano Pires

O intervencionismo voltou e nesta semana a Petrobras e a Vale perderam juntas mais de R$ 100 bilhões do seu valor de mercado. Essa perda brutal foi muito discutida levantando a questão de se, em 2024, teremos o governo implantando com medidas concretas o que foi prometido durante as eleições – as velhas políticas intervencionistas nas três das mais importantes empresas brasileiras: Petrobras, Vale e Eletrobras.

PUBLICIDADE

A Petrobras, que passou um 2023 sem grandes turbulências, inicia 2024 fazendo uma alocação de capital errada não pagando os dividendos extraordinários e com isso perdendo a confiança do mercado. A Vale vem sofrendo um desgaste enorme na escolha do seu presidente, com notícias de que o governo estaria trabalhando para uma indicação. Nesta semana, um conselheiro independente renunciou apresentando uma carta em que denuncia procedimentos que mostram que a governança da empresa teria sido atacada. A Eletrobras vem sofrendo desde o início do governo, com acusações sobre o processo da sua privatização e tentativa de uma ingerência maior do governo no conselho da empresa, que culminou com uma liminar que transita no STF. É bom não esquecer que a privatização da Eletrobras foi realizada por lei aprovada no Congresso e avalizada pelo TCU.

Muitos apostavam que essa política intervencionista que ocasionou tantos prejuízos às empresas, ao País e aos acionistas era coisa do passado. Mais uma vez a máxima de que no Brasil o passado é incerto se mostra mais atual do que nunca. É interessante e preocupante vermos como as pessoas e os governos não aprendem com os erros e acreditam que o problema foi o momento político e que desta vez vão obter sucesso. Também chama a atenção a insistência de abandonar a lógica econômica e privilegiar os retornos políticos em detrimento dos retornos econômicos. No caso da Petrobras isso fica claro na medida em que o governo, acionista majoritário da empresa, não vê problema e até defende o pagamento de menores dividendos, num momento em que precisa de receita para fazer frente aos seus gastos e reduzir a dívida pública. Não seria mais popular ganhar dividendos ao invés de aumentar impostos?

Lula determinou que Petrobras não pagasse dividendos extraordinários aos acionistas da companhia, e direcionasse recursos para investimentos Foto: Pedro Kirilos / Estadão Conteúdo

Há alguma forma de evitar a recorrência dessas políticas intervencionistas? Difícil de responder dado que não existe nenhuma lógica econômica nas velhas e ultrapassadas políticas intervencionistas. De qualquer forma, uma discussão que poderíamos ter é, se o governo quiser fazer tudo o que entende e pretende, o melhor seria fechar o capital da Petrobras, da Eletrobras e da Vale, comprando a totalidade das ações das duas empresas. Outro caminho melhor e mais moderno é fortalecer com independência e autonomia as agências reguladoras, entendendo que são órgãos de Estado e não de governo, como é o caso hoje do Banco Central. Dessa maneira sim estaremos defendendo os interesses dos 200 milhões de brasileiros.

Opinião por Adriano Pires

Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.