O mundo está de cabeça para baixo. Tempos de tormenta e disrupção. Ninguém vai passar por tudo isso com a mesma percepção de mundo.
Há mais de uma década, as advertências do relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) para o clima levaram os países a direcionar os olhares e a desenvolver as fontes renováveis como uma opção à redução de emissão dos gases de efeito estufa (GEEs). No entanto, a velocidade imposta às mudanças e o custo não têm sido o esperado.
A transição do setor de energia está em curso, mas não de forma a possibilitar ao mundo atingir as metas traçadas quanto ao clima e aquecimento. É notável que a solução para as mudanças climáticas é incontornável, mas o caminho é longo. O desafio será encontrar como reduzir as emissões sem trazer grandes impactos socioeconômicos.
Estamos passando por um período de crise e situações inéditas. É esse momento que nos leva a questionar e a refletir sobre o futuro da energia. Das crises resultam as melhores soluções e as grandes invenções, a chamada destruição criativa. Termo cunhado por Joseph Schumpeter no seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia, publicado em 1942.
A Revolução Industrial, com a produção em larga escala, teve o carvão mineral como ator principal no funcionamento dos motores movidos a vapor. A popularização dos automóveis, no início do século 20, criou uma forte demanda por combustíveis de alto desempenho, levando o petróleo, até então utilizado para a obtenção do querosene, a se tornar uma importante fonte para a obtenção de gasolina.
Décadas depois, essa mesma tendência fez com que o diesel se transformasse em um combustível de grande uso. Todas essas transições trouxeram mais eficiência e menores custos e preços para a sociedade.

A energia e seu uso nessa nova transição devem ser repensados de forma a aproveitar as oportunidades apresentadas pelas novas tecnologias sem que tragam, ao contrário das outras transições, aumento de preços e, consequentemente, da inflação. Assim sendo, a resposta está muito além da mudança no suprimento energético das fontes fósseis para as renováveis.
Todo esse novo contexto é apropriado à reflexão sobre o futuro da energia. A importância do petróleo e do gás natural, passando pela nuclear e mesmo pelo carvão, foi renovada. Mais uma vez, a geopolítica do petróleo ganha novos contornos com a eleição de Donald Trump.
Como permanecerá a necessidade de transformação do suprimento de energia em resposta às mudanças climáticas? Será mesmo que a solução para a redução de emissões consiste apenas na mudança de um sistema de fornecimento para uma alternativa menos poluente, com uma escala crescente de produção? Parece que a solução está muito além do simples aumento da participação das energias renováveis. A transição precisa de consistência e preocupação com as camadas de mais baixa renda. É tempo de repensar.