Brasil abre 205 novos mercados para o agronegócio e quer chegar a 300 até dezembro; veja quais são

Atualmente, há aproximadamente 2 mil processos em andamento para novas possibilidades de exportação ou ampliação para os produtos agropecuários

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Foto do author Isadora Duarte
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BRASÍLIA - O Brasil espera encerrar o ano com cerca de 300 novos mercados abertos para os produtos agropecuários nacionais. O novo objetivo vem depois de o País ter atingido nesta semana o número de 205 mercados abertos em 60 destinos desde o início do ano passado (ver tabela abaixo). “Superamos todas as expectativas e podemos avançar ainda mais nestes últimos três meses”, avalia o ministro substituto e secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa.

Atualmente, há aproximadamente 2 mil processos em andamento para novas possibilidades de exportação ou ampliação para os produtos da agropecuária. Entre os pleitos, o Brasil negocia abertura dos mercados japonês e sul-coreano para carnes brasileiras e do mercado norte-americano para entrada de maior volume de açúcar e carne bovina do Brasil. Com a China, principal destino dos produtos do agro brasileiro, com um terço dos embarques do País, há mais de 18 itens na pauta.

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Abrir novos mercados para produtos agrícolas é fundamental para a economia brasileira, dada a importância do setor para a balança comercial. No ano passado, as exportações brasileiras do agronegócio atingiram o número recorde de US$ 166,55 bilhões, um crescimento de 4,8% em relação ao ano anterior, de acordo com dados do Ministério da Agricultura. Com isso, o agronegócio foi responsável por 49% da pauta exportadora total brasileira em 2023. No ano anterior, essa participação foi de 47,5%.

O ritmo de abertura de novos mercados é considerado robusto pelo mercado. Só como efeito de comparação, entre 2019 e 2022 foram 239 acordos, uma média de pouco menos de 60 por ano. Cada mercado aberto significa a possibilidade de exportar um novo produto por país, para o qual o acesso até então não era permitido - seja por barreiras comerciais ou sanitárias.

Para o setor privado, entre os destaques no período estão as autorizações para venda de carne bovina para o México, após 20 anos de negociações, da exportação do algodão brasileiro para o Egito e de carne de frango kosher para Israel - sendo o único país liberado a comercializar frango dentro dos preceitos religiosos judaicos.

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Para o setor de proteína animal, que teve 60 novos mercados abertos no período, as ampliações das possibilidades de exportação contribuíram para reduzir o impacto de eventuais reduções de demanda em determinados mercados. “Há, também, um enorme avanço em relação à ampliação de vendas para mercados já abertos, como novas autorizações de frigoríficos para exportar e a adoção de sistemas facilitados de habilitação (pré-listing). É o caso das vendas para mercados como Filipinas, Chile e Cingapura”, diz o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin. A indústria projeta exportações recordes neste ano de carne de frango e suína, que, juntas, devem somar 6,575 milhões de toneladas.

Negociações bilaterais

O processo de aberturas de mercado para o agro nacional foi intensificado com inúmeras missões internacionais feitos pelo ministro Carlos Fávaro e equipe da pasta a fim de concluir protocolos sanitários entre o Brasil e os países interessados em receber os produtos nacionais. “Nos últimos 20 meses, alcançamos, em média, uma nova oportunidade de comercialização a cada três dias”, destacou Fávaro.

Segundo Roberto Perosa, perspectivas de abertura de mercados só tendem a crescer Foto: Divulgação/Mapa

Para Perosa, também tem ajudado nesse ritmo mais forte o fato de o Brasil estar na presidência do G-20 este ano e estar se preparando para, em 2025, assumir a presidência do Brics e receber a COP-30. “Isso gera oportunidades de contato com as lideranças mundiais aqui no nosso País. E, com isso, as negociações bilaterais avançam muito, porque os ministros de outros países vêm ao Brasil com os pedidos para as suas pastas e com aval sobre eventuais acordos”, diz.

Segundo ele, por isso também as perspectivas de abertura de mercados só tendem a crescer. “Em novembro, teremos a visita importante do presidente chinês, Xi Jinping. O Brasil negocia com a China a abertura para alguns produtos, como uvas frescas, gergelim, sorgo, DDGs (grãos secos de destilaria, subproduto do etanol de milho), que estão muito avançados, além de subprodutos de carne bovina, de carne suína e de aves”, diz. “São alguns dos produtos que estão na mesa de negociação e que representam novas oportunidades ao agronegócio brasileiro.” A expectativa é que essas negociações sejam concluídas com o encontro bilateral dos presidentes brasileiros e chinês.

Outras negociações importantes têm sido feitas com os Estados Unidos. “Há muitos temas em discussão bilateral. Estamos negociando a questão da importação do etanol dos Estados Unidos, a ampliação da cota de carne bovina (hoje de 65 mil toneladas ao ano) e de açúcar do Brasil (volumes estipulados por ano) que podem ser exportados e também aberturas para frutas brasileiras (como limão taiti)”, diz Perosa. “Buscamos um equilíbrio nas posições de mercado, tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil, para que não haja prejuízo à classe produtiva.”

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No caso específico do etanol, há um temor do setor sucroenergético de que uma redução da tarifa de importação do produto americano - hoje em 18% - possa prejudicar a produção nacional. “Estamos avaliando isso, porque há um grande impacto na produção brasileira. Então, precisamos avaliar os impactos e fazermos uma grande negociação em bloco, atraindo os interesses do Brasil e dos Estados Unidos para termos uma decisão equilibrada sobre o assunto”, diz Perosa. “Somos grandes produtores de etanol de cana-de-açúcar e os Estados Unidos de etanol de milho. Hoje, não temos acesso pleno do açúcar brasileiro ao mercado americano. Precisamos desse acesso para estudarmos, de fato, a viabilização do acesso do etanol americano ao Brasil. Acho que é uma questão de correspondência entre mercados.” A articulação envolve a possibilidade de os Estados Unidos adotarem, como contrapartida, uma mistura obrigatória de etanol na gasolina, que hoje, no Brasil, é de até 27,5%.

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