As mulheres são responsáveis por 45% da produção de alimentos no Brasil e em países em desenvolvimento, segundo dados da FAO-ONU. Apesar do papel que cumprem na segurança alimentar, apenas 30% das produtoras detêm titularidade da terra, 10% acessam crédito e 5% recebem assistência técnica.
No Brasil, a participação feminina no campo segue crescendo. Por aqui, a maior concentração de mulheres está nas pequenas propriedades. Entretanto, elas ainda comandam menos de 1 milhão de propriedades dos mais de 5 milhões de estabelecimentos rurais registrados no País, segundo dados do Observatório das Mulheres Rurais do Brasil da Embrapa.
Tripé da produção
Atualmente, especialistas em agronegócio veem que o apoio e o desenvolvimento das mulheres no meio rural passa pela tríade de assistência técnica, crédito e apoio à produção e à comercialização por meio de compras públicas de alimentos. “Assistência técnica é essencial para auxiliar na tecnificação, por isso estamos levando extensão rural a 10 mil produtoras. Queremos que o governo ofereça às mulheres rurais que não conseguem acessar o crédito um fomento não reembolsável para fechar o ciclo e promover sua autonomia econômica”, disse a subsecretária de Mulheres Rurais do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Conceição Dantas.
No atual Plano Safra, o limite de financiamento para produtoras mulheres dentro do microcrédito rural produtivo foi dobrado de R$ 6 mil para R$ 12 mil por mulher e há maior subvenção na equalização das taxas de juros de financiamentos contratados por mulheres. “Como não existe igualdade de decisão na estrutura familiar, é importante que o Estado proteja a mulher”, defendeu. Outros programas são a instalação de 90 mil quintais produtivos até 2026, e a emissão, já concluída, de documento para 45 mil mulheres.
Primeira mulher à frente da Embrapa, Silvia Massruhá aponta a pesquisa agropecuária com tecnologias voltadas aos pequenos e médios produtores como parte importante para promoção das mulheres no campo: “Temos de desenvolver um lado pensando na agricultura familiar e em levar tecnologias voltadas a esse segmento, e na transferência da tecnologia junto com a extensão”.
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