A Índia tem o segundo maior rebanho bovino do mundo, com quase 200 milhões de cabeças, atrás apenas do Brasil, com 234 milhões de bois. Para o hinduísmo, religião seguida por 80% da população do país, a vaca é sagrada e, também, criada com as melhores técnicas por especialistas em bovinocultura. O gado nelore, base da pecuária brasileira, é de origem indiana e surgiu naquele país há mais de 2 mil anos. Com todo esse perfil, a Índia está entre as dezenas de países que importam genética bovina do Brasil.
De importador de sêmen, embriões, sementes e tecnologias para diversos cultivos, o produtor brasileiro vai se tornando cada vez mais exportador desses insumos. Assim, além de celeiro do mundo na produção de grãos, o Brasil se torna referência em genética animal e vegetal. Mesmo as grandes máquinas agrícolas desenvolvidas no exterior cumprem “estágio” em nossos campos, são adaptadas para culturas tropicais e ganham atributos que são depois exportados.
Com investimentos em pesquisa e tecnologia, o mercado de genética bovina brasileira vem se expandindo no exterior. A Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) registrou um crescimento de 13% nas exportações de sêmen bovino de aptidão para corte no primeiro semestre deste ano, em comparação com igual período do ano passado. O Index Asbia é elaborado pelo Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea/USP)
Conforme Cristiano Botelho, executivo da Asbia, os principais destinos da genética bovina de corte são os países vizinhos, como Bolívia, Paraguai e Colômbia – este último grande importador também de nossa genética de leite.
“Esse despertar de interesse internacional por nossa bovinocultura de corte deixa uma mensagem de que as raças tropicais que predominam no Brasil, como o nelore, têm evoluído de forma extremamente positiva, demonstrando, de forma gradativa, grande potencial para produção de carne em quantidade e qualidade, colaborando com o objetivo de alimentar o mundo”, disse.
Valorização
O projeto Brazilian Cattle, executado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), atua fortemente na difusão da genética bovina brasileira no exterior. Desde 2003, a parceria facilita o processo de abertura e consolidação de mercados para empresas da nossa cadeia pecuária.
De janeiro a outubro deste ano, apenas no âmbito do projeto, foram exportados US$ 3 milhões (por volta de R$ 14,7 milhões) em sêmen bovino e embriões, sobretudo para países da América do Sul – os maiores volumes foram para Paraguai, Colômbia, Bolívia e Equador – e da América Central – Costa Rica, Panamá e Guatemala. Houve exportações também para países da Ásia, como a Índia, de forte tradição em bovinocultura, além de Paquistão, Sri Lanka e Malásia, e da África, como Angola e Ruanda.
No ano passado, o volume exportado atingiu US$ 4 milhões (R$ 19,6 milhões). Recentemente, o projeto conseguiu a abertura do Panamá para o sêmen e embriões do rebanho nacional. Entre as empresas que tiveram as habilitações renovadas estão a ABS Pecplan, Central Bela Vista e Seleon. Já as novas habilitações foram concedidas para a Embryo Plus, Genética Boa Fé, Origem Embrio, Zebu Embryo, Laboratório Zebu Embryo e Progen (Alta Genetics). A consultora do Brazilian Cattle, Izabelle Jardim, lembrou que o Brasil é referência mundial em genética zebuína. “Este resultado com o Panamá demonstra que as empresas de genética apoiadas pelo Brazilian Cattle estão na vanguarda das exportações, possuindo capacidade técnica e sanitária para exportar material genético com confiabilidade e qualidade”, disse.
Conforme o presidente da ABCZ, Gabriel Garcia Cid, a expectativa é de que, com apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária, as exportações sejam consideravelmente ampliadas com o aumento das empresas exportadoras. “Hoje fazemos o caminho inverso: de importador de bovinos, passamos a exportar genética superior. Isso graças ao nosso material genético de qualidade e confiabilidade”, disse.
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