Cocamar cresce com safra de inverno e preços altos de soja, milho e trigo

Cooperativa, que projetava faturar R$ 11,7 bilhões, chegou a revisar seus números para menos de R$ 10 bilhões quando o recebimento da soja caiu 33% por causa da estiagem no verão

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Atualização:

A cooperativa Cocamar deve fechar o ano com faturamento de R$ 11 bilhões, acima dos R$ 9,6 bilhões de 2021. “Dado o volume da safra de inverno e também os preços de grãos mais altos do que o previsto, estamos confiantes”, diz Divanir Higino, presidente-executivo.

É uma boa notícia depois que a cooperativa, que projetava faturar R$ 11,7 bilhões, chegou a revisar seus números para menos de R$ 10 bilhões quando o recebimento da soja caiu 33%, para 1,2 milhão de toneladas, por causa da estiagem no verão. Mas o milho, que deve saltar de 500 mil para 1,4 milhão de toneladas, e o trigo, que chegará a 100 mil toneladas, ou 10% mais, acabaram compensando parte da perda.

Desempenho dos grãos na safra de inverno ajudou a garantir o resultado para a companhia. Foto: José Maria Tomazela/Estadão

Insumos e industrializados

A cooperativa prevê alcançar R$ 3 bilhões em comercialização de insumos e ampliar em 40% a venda de industrializados ao varejo, principalmente óleo de soja. Começou a operar neste mês usina de biodiesel em Maringá (PR), com capacidade anual de 200 mil toneladas.

Investimentos adiados

A Cocamar aplicou R$ 120 milhões na construção de unidades de recebimento de grãos em Palmital (SP) e Itaquiraí (MS) e na ampliação da estrutura em Cambé (PR), mas adiou a construção de outras três. Pesou na decisão a elevação do aço, que fez dobrar o custo estimado da construção, diz Higino.

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Alerta

A Akad Seguros, criada pela GP Investments a partir da compra da seguradora norte-americana Argo em 2021, viu as indenizações pagas em seguros de transporte de cargas agrícolas crescerem 124% no 1.º semestre, para R$ 24,3 milhões. Os pedidos de indenização aumentaram 50%, chegando a 120. Por trás da disparada está, principalmente, o forte aumento dos preços de soja e fertilizantes, explica Danilo Gamboa, presidente da Akad. “Com a carga se tornando mais valiosa, surgiram quadrilhas organizadas”, conta.

Mais longo, mais risco

A seguradora vem alertando clientes sobre rotas perigosas e já identificou que as cargas mais visadas são as que vão para grandes estoques, como portos, onde há muitos caminhões e leva mais tempo para se notar a ausência de algum. A Akad também está fazendo testes com um parceiro para tentar tornar economicamente viável o monitoramento não só do veículo, mas da carga. “Infelizmente muita carga é roubada e o caminhão é largado”, diz Gamboa.

Em alta

Desde que comprou parte da Brain Ag, startup de soluções para análise de crédito agrícola, em abril de 2021, a Serasa Experian viu a receita com serviços para o agro aumentar dez vezes. A equipe, antes de oito pessoas, hoje tem cerca de 100, conta Renato Girotto, diretor de Operações. O interesse vem de bancos, tradings, cooperativas e empresas, que buscam mais dados sobre o perfil de crédito de produtores, situação ambiental das fazendas, desenvolvimento de lavouras e outros pontos, explica.

Novos passos

Nos últimos seis meses, a Serasa Experian começou a fazer análises ambientais para tradings no Paraguai, Argentina e Uruguai, e o plano é ampliar a atuação até 2025 para toda a América Latina. No mapa estão países como Colômbia, forte na produção de café e palma, e Chile, em grãos e café. Nesse período, a meta é alcançar receita de US$ 100 milhões somente com o agro, diz Girotto, sem revelar o número atual. Em todo o mundo, a Serasa Experian fatura mais de US$ 6 bilhões.

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Conquista

O Canadá, considerado um dos mercados mais exigentes para o setor de proteínas, recebe em setembro o primeiro contêiner de carne suína da BRF. A carga de 25,5 toneladas partiu neste mês do porto de Navegantes (SC), com cortes de suínos in natura congelados. A BRF realizará mais embarques até o fim deste ano, mas não informa volumes.

Emissão de debêntures

A Raízen quer direcionar recursos obtidos na 8ª emissão de debêntures, de R$ 2 bilhões, para ampliar operações de etanol de segunda geração (E2G). “É hora de expandir”, diz Carlos Moura, diretor financeiro. A empresa busca mais usinas associadas, além das três em construção, em função da demanda crescente, afirma

Futuro sustentável

Animado com os resultados, o setor de pescados debate entre quarta e sexta-feira estratégias para o crescimento sustentável. No primeiro semestre dobrou o volume exportado, para 4,931 mil toneladas, e obteve receita de US$ 14,3 milhões. Para a conversa, reunirá participantes no IV International Fish Congress, em Foz do Iguaçu (PR). / LETÍCIA PAKULSKI, CLARICE COUTO, SANDY OLIVEIRA E GABRIELA BRUMATTI

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