A norte-americana de sementes Stine, que atua em milho no Brasil desde 2018, está entrando no mercado de soja com o plano de figurar entre as cinco maiores empresas de sementes do País em um prazo entre 3 e 5 anos. Ao fim de 2025, prevê superar US$ 300 milhões em faturamento na América Latina – o Brasil deve representar 70%. “A única maneira é investindo em maquinário, pesquisa e pessoas”, diz Ignacio Rosasco, presidente da Stine na América Latina. A estratégia está relacionada à perspectiva de crescimento no País das tecnologias Enlist e Conkesta E3, das quais é codesenvolvedora. A empresa apresentou 22 variedades, sendo três para plantio em 2023/24 e 19 pré-comerciais para cultivo em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Rumo ao Sul, mas não agora
A empresa tem planos de levar suas variedades de soja também para produtores do Sul do Brasil, e está em processo de avaliação do potencial nas diferentes microrregiões. “Nossa ideia é estar, em 2026, com variedades comerciais na região”, projeta o executivo.
Distribuição deve acompanhar a oferta
A Stine tem parceria com oito empresas para comercializar sementes de soja, além da venda direta ao produtor. “À medida que tivermos mais produtos, ampliamos a rede”, diz Ricardo Reis, líder de marketing no Brasil e Paraguai. A empresa quer atingir, em até 5 anos, participação de 20% em soja e 15% em milho no País.
Passo firme
O mercado de crédito rural deve ficar estagnado ou crescer pouco em 2023, em razão de preços estáveis de commodities agrícolas e insumos, avalia Pedro Fernandes, diretor de Agronegócios do Itaú BBA. Produtores capitalizados e taxas altas para financiamentos de longo prazo também tendem a conter a demanda por dinheiro. O banco, entretanto, buscará um crescimento “importante” da carteira agro. “No longo prazo queremos ter uma fatia do mercado maior do que a atual; temos de crescer acima do mercado”, afirma.
Novas vias
Em 2022, a carteira agro do Itaú BBA cresceu 25%, para R$ 75 bilhões. Para 2023, Fernandes não faz previsão – o banco estima alta de 6% a 9% da carteira total. No agro, a aposta é em novos modelos, como a parceria com o marketplace Orbia, para fornecer crédito pré-aprovado. O Orbia tem 230 mil produtores cadastrados, muitos pequenos, até então pouco atendidos pelo Itaú. O aumento da equipe comercial, de 260 para 410 em 2022, ajudará a incorporar cerca de mil novos clientes.
Ganha-ganha
A Suzano, do setor de papel e celulose, firmou parceria com a Raiar Orgânicos, especializada em proteína animal orgânica, para recuperar solos degradados com o plantio agroecológico de grãos. A área, de 14 hectares, será semeada por dez famílias assentadas em Iaras (SP). A iniciativa faz parte do projeto “Mapa de Oportunidades” da Suzano, que quer retirar, até 2030, 200 mil pessoas da pobreza na sua área de atuação.
Cobertura total
A Suzano entra com a compra de insumos e a Raiar, com assistência técnica, apoio na certificação e garantia de compra de 100% do que for produzido. O milho e a soja orgânicos vão virar ração para alimentar 80 mil galinhas orgânicas da Raiar, na granja em Avaré (SP). A Raiar pagará um prêmio de 30% sobre o valor do grão comum, “o que contribui para elevar sua renda em um sistema totalmente sustentável”, diz.
Novos destinos
A Carapreta, empresa que atua no mercado de carnes nobres, firmou parceria com a trading Domi International a fim de ampliar vendas para o Oriente Médio. “Estamos falando de uma expansão de R$ 80 milhões”, diz Vitoriano Dornas, o CEO, acrescentando que a empresa cresceu 34,2% em vendas em 2022. A partir do acordo, Dornas estima que a Carapreta poderá ter 20% do faturamento proveniente de exportações para o bloco, “um dos principais destinos de carnes nobres do mundo”.
Brasil corre para reabrir mercados para carne bovina
Após a confirmação de que o caso do “mal da vaca louca” em um bovino no Pará foi atípico, o Ministério da Agricultura concentra esforços na retomada da exportação de carne à China, Tailândia, Irã e Jordânia. A Rússia também suspendeu compras do Pará. Já o México aguardava o resultado para abrir o mercado para a carne do Brasil.
Mercosul e UE retomam negociação de acordo
Com o protagonismo do Brasil, o Mercosul e a União Europeia (UE) voltam a discutir a efetivação do acordo comercial entre os blocos nesta terça-feira, 7, em Buenos Aires, Argentina. Esta é a primeira aproximação concreta dos negociadores neste ano a fim de concluir o acordo bilateral, que está pendente desde 2019. / LETICIA PAKULSKI, CLARICE COUTO, TÂNIA RABELLO, SANDY OLIVEIRA e ISADORA DUARTE
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.