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Crédito para produtores rurais está cada vez mais atrelado à agenda ESG

Captação de recursos, tanto aqui quanto no exterior, depende de seguir regras de preservação na produção agropecuária

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Por Tania Rabello, Audryn Karoline e Vinicius Galera

A concessão ou a captação de crédito para o agronegócio, tanto aqui quanto no exterior, passam cada vez mais pelo crivo da sustentabilidade e do respeito às regras do ESG (ambiental, social e governança), afirmaram palestrantes durante painel no Estadão Summit Agro, realizado no dia 8 de novembro, em São Paulo.

O diretor Financeiro e de Crédito Digital para Micro, Pequenas e Médias Empresas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Alexandre Abreu, confirmou que, quando os bancos captam dinheiro no exterior, há cláusulas ambientais inclusas e que devem ser respeitadas. “O agro tem que provar sustentabilidade para seguir captando dinheiro lá fora”, reforçou.

Bom negócio

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Já na concessão de crédito para o agronegócio no Brasil, Abreu disse que o BNDES teve a vantagem de captar dinheiro mais barato no exterior, antes da subida de juros nos Estados Unidos. “Conseguimos dinheiro barato e, hoje, emprestamos a juros mais baixos.” Com crédito a juros menores, Abreu afirmou que o banco de fomento tenta evitar o “greenwashing” (o falso ESG) por meio de monitoramento e acompanhamento dos projetos.

No mesmo painel, o diretor da Diretoria de Agronegócios e Agricultura Familiar do Banco do Brasil (BB), Jayme Pinto Júnior, disse que a carteira agro do banco alcança R$ 321 bilhões, sendo 40% desses recursos relacionados à sustentabilidade. “Nosso crédito agrícola de fato chega ao pequeno produtor”, afirmou ele, acrescentando que há cerca de 190 mil produtores com potencial para recuperar áreas degradadas, mas que não necessariamente são atendidos. “Produtor busca recursos para recuperar áreas, mas ainda não são suficientes.” Sobre o greenwashing, ele disse que o acompanhamento e a certificação previnem a prática.

Alexandre Correa Abreu, diretor financeiro do BNDES, durante o Estadão Summit Agro 2023 Foto: Marcelo Chello / Estadão

Questão pontual

O head de ESG Agro do Itaú BBA, João Adrien, por sua vez, informou que boa parte do financiamento da instituição financeira, hoje, contribui com práticas sustentáveis. Para ele, o greenwashing é “problema sério, mas não generalizado”.

A vice-presidente Latam de Relações Internacionais e Sustentabilidade da Syngenta, Grazielle Parenti, concordou, no mesmo painel, que o crédito é uma ferramenta fundamental para recuperar áreas degradadas e acrescentou que, hoje, a agenda ESG já é considerada “gestão de risco relacionada ao crédito”. <IP10>Ainda para ela, uma forma de evitar o greenwashing é o Brasil participar da formação de metas de sustentabilidade que estão sendo discutidas agora em nível global, devido à sua posição de ator fundamental no agronegócio.Disse, também, que outra forma de resolver o greenwashing é “usar tecnologia”. <IP10>”Aqui temos escala em boas práticas e somos consultados sobre elas no exterior”, informou. E disse que, no exterior, não viu, ainda, programas de preservação como se encontram no Brasil e com a escala daqui.

O diretor de negócios da Traive – fintech voltada ao crédito agropecuário –, Maurício Quintella, destacou, por fim, o papel relevante das fintechs na redução do custo do crédito agropecuário. “Estamos criando um framework para medir boas práticas ligadas à sustentabilidade para garantir crédito.”

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