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Hidrovias e ferrovias são ‘logística ESG’, afirma coordenadora da CNA

Matriz de transporte brasileira é, porém, ‘inversa’, pois privilegia rodovias, com 65% do total movimentado

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Por Tania Rabello, Audryn Karoline e Vinicius Galera

A agenda ESG (ambiental, social e de governança) na logística de transporte de grãos no País passa necessariamente pelas hidrovias e ferrovias, afirmou a coordenadora de Assuntos Estratégicos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Elisângela Lopes, durante painel no Estadão Summit Agro 2023. “A matriz de transporte brasileira é ‘inversa’, focada mais em rodovias do que em hidrovias e ferrovias, que emitem menos gases do efeito estufa”, disse Elisângela, acrescentando que, hoje, 65% da carga no Brasil segue por rodovias e o restante vai pelos outros dois modais. “Lembrando que 66% das nossas estradas são consideradas regulares, ruins ou péssimas, o que também aumenta a emissão de poluentes gerados pelo diesel.”

Ferrogrão é impasse

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Nesse sentido, Elisângela elogiou o novo PAC lançado pelo governo federal, que contempla obras de infraestrutura, entre elas investimentos importantes em ferrovias. “Temos também o estudo da Ferrogrão, embora se ela sairá ou não do papel ainda seja um impasse”, continuou. O projeto da Ferrogrão tem seu traçado principal em Mato Grosso e Pará, em direção aos portos do Norte do País, no Arco Norte, para o escoamento de grãos, sobretudo de produtores mato-grossenses. Há questões ambientais, como o desflorestamento de parte da Reserva do Jamanxim, no Pará, e até o momento não foi aprovada.

Ainda sobre logística ESG, a coordenadora da CNA citou os estudos que existem em relação à navegabilidade de rios do Norte, como o Tapajós, o Madeira e o Tocantins, “que são potencialmente navegáveis, mas infelizmente não se consegue navegar neles durante o ano todo”.

Para outro participante do painel, o diretor de Logística para América do Sul da trading ADM, Vitor Vinuesa, “a partir do momento em que se muda a matriz de transporte da rodovia para a ferrovia e hidrovia, automaticamente a logística do País passa a ficar em linha com a pauta ESG”. De todo modo, ainda há uma necessidade “muito represada”, em relação ao transporte de grãos por modais mais sustentáveis, dependendo de projetos estruturantes. Do lado da ADM, Vinuesa indicou que a trading tem feito investimentos no Porto de Santos, no litoral paulista, para minimizar o impacto do seu terminal de grãos à população do entorno. “Investimos para tornar o terminal mais amigável ambientalmente à vizinhança do Porto de Santos.”

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Modal rodoviário é o mais utilizado no Brasil, embora emita mais poluentes e maior parte das estradas esteja em mau estado Foto: Jonne Roriz / AE

O cofundador da HR Tech Mereo, Ivan Cruz, empresa de pesquisas também relacionadas ao agro, diz que o levantamento, anual, contribui para as empresas do setor implementarem “modelos de gestão e estratégias para resolver desafios logísticos e de ESG”. “Em 2020, apenas 33% das empresas do agro na pesquisa – que eram em sua maioria de médio porte – mensuravam o ESG em seus três pilares (social, governança e ambiental)”, disse. “Já na pesquisa que será divulgada em 2024, todas as empresas do agro estão medindo o ESG em suas operações em seus três pilares. Vimos uma evolução.”

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