BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi mais um integrante do governo a sair em defesa da política ambiental brasileira, após grupos de investidores estrangeiros ameaçarem deixar o País por críticas à conduta das autoridades em relação ao desmatamento na Amazônia.
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmaram que esses investidores estariam "desinformados" sobre o Brasil. Nesta terça-feira, 30, Guedes avaliou que existiria uma campanha de difamação sobre o País na área ambiental derivada do protecionismo de economias avançadas.
"Nossa imagem está muito ruim lá fora, até mesmo uma parte de nós falamos muito mal do País. Lá fora há muito oportunista protecionista, como a França, que é uma parceira, investe aqui, mas não quer que exportemos produtos agrícolas para lá. Os Estados Unidos querem entrar com etanol no Brasil e não aceitam açúcar brasileiro lá", afirmou.
"Esses países jogam uma 'pecha' (de destruição do meio ambiente) no Brasil, independentemente de dados embasados. Vamos proteger meio ambiente sem cair na armadilha de outros países em falar mal do Brasil", acrescentou.
O governo tem tentado uma contraofensiva de informação na área. No começo de junho, Bolsonaro assinou decreto criando as debêntures verdes incentivadas.
Na segunda-feira, 29, o vice-presidente Hamilton Mourão se reuniu com diversos ministros - incluindo o presidente do BC - para discutir uma estratégia de reação às cobranças internacionais. Uma reunião com esses investidores foi marcada para a próxima semana.
Segundo o ministro, o governo não tem “obsessão” pelo capital estrangeiro. “Não existe essa obsessão por capital estrangeiro. Capital estrangeiro não é salvação, a salvação é investimento”, afirmou, em audiência pública por videoconferência na Comissão Mista do Congresso Nacional que monitora a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas à covid-19.
Guedes criticou o sistema de partilha na exploração de petróleo, que, segundo ele, foi criado por empresas francesas para negociar com ditaduras africanas. “O sistema de partilha no petróleo é desastroso. As maiores petroleiras do mundo recusam esse modelo que significa um sistema de corrupção.”
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