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AGU avalia que Petrobras pode fazer prospecção de petróleo na foz do rio Amazonas

Em novo parecer, Advocacia-Geral da União diz que Ibama não tem atribuição para reavaliar licenciamento do Aeroporto de Oiapoque, um dos pontos alegados para impedir exploração na Margem Equatorial

Foto do author Vera Rosa
Atualização:

A Advocacia-Geral da União (AGU) não vê impedimento para que a Petrobras faça prospecção de petróleo na Margem Equatorial da foz do rio Amazonas. O parecer jurídico aprovado pelo ministro-chefe da AGU, Jorge Messias, concluiu que o Ibama não tem atribuição para reavaliar o licenciamento ambiental do Aeroporto de Oiapoque, no Amapá.

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A Petrobras pretendia usar o aeroporto na logística de exploração de petróleo na costa do Amapá. Mas o impacto do sobrevoo de aeronaves na região, principalmente sobre as comunidades indígenas, foi um dos motivos alegados pelo Ibama para indeferir a licença solicitada pela estatal.

É o segundo parecer da AGU contrário ao Ibama. Em agosto do ano passado, Messias já havia aprovado a conclusão de que a avaliação ambiental de área sedimentar também não era indispensável nem podia impedir o licenciamento pedido pela Petrobras para a perfuração do bloco 59 da foz do Amazonas.

O presidente Lula é a favor da prospecção de petróleo na foz do Amazonas e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, contra. Foto: Ricardo Stuckert / Presidencia da Republica

Agora, a análise jurídica da AGU destaca que o Aeroporto de Oiapoque também “não constitui fundamentação adequada” para criar obstáculo à prospecção de petróleo naquele local. De acordo com a AGU, a lei prevê que a competência para licenciar um empreendimento deve ser feita por município, Estado ou União.

Na prática, a polêmica sobre explorar ou não o chamado “novo pré-sal” na Margem Equatorial – fronteira da costa brasileira que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte – se arrasta desde 2023.

Em maio do ano passado, o Ibama indeferiu a licença pedida pela Petrobras, alegando que, antes, era preciso verificar o cumprimento de alguns requisitos. Na lista das exigências constavam a necessidade de estudar a avaliação ambiental de área sedimentar, medir o impacto do sobrevoo de aviões entre o Aeroporto de Oiapoque e o bloco 59 e, ainda, verificar o tempo de atendimento à fauna atingida por óleo, em caso de vazamento.

Embora a tentativa de acordo entre os ministérios do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva, e de Minas e Energia, chefiado por Alexandre Silveira, tenha sido encerrada em abril pela Câmara de Mediação e Conciliação, a AGU continuou analisando o assunto.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é favorável à exploração de petróleo na Margem Equatorial sob o argumento de que, com esses recursos, será possível financiar a transição energética.

Desde o início dessa discussão, porém, o Ibama viu “inconsistências técnicas” no projeto da Petrobras. Marina Silva chegou a dizer para o então presidente da companhia, Jean Paul Prates – demitido por Lula há três meses –, que aquela prospecção era “altamente impactante”.

A Petrobras pediu a reconsideração do caso ao Ibama, mas ainda não obteve resposta. Na avaliação da AGU, o pedido do Ibama para que seja analisado o tempo de resposta e atendimento à fauna, em caso de vazamento de óleo, não depende de análise jurídica, mas, sim, de entendimento entre as partes.

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