Existe no mercado financeiro uma série de profissionais especializados em ajudar quem quer investir. São consultores, gestores e planejadores financeiros que orientam o investidor sobre a melhor estratégia para alocar seus recursos. Na última década, com o avanço da educação financeira e de uma maior sofisticação na estrutura do mercado, esses profissionais passaram a ser mais conhecidos, em um ambiente até então dominado pelo gerente do banco. Ainda assim, não é raro haver pessoas em dúvida sobre quando, como e onde procurar ajuda para investir.
“Hoje menos do que no passado, mas ainda há uma barreira que leva muitos a pensar que só deve buscar aconselhamento quem já tem bastante dinheiro. Um equívoco porque há atendimento a todas as faixas de investidores”, comenta Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV Eaesp. Ainda pesa no processo, acrescenta a especialista, a ideia de que é muito caro. “Esta visão é errada e vem de uma época em que apenas gerente de banco orientava sobre investimento, em tese ‘de graça’, mas que focava na venda dos produtos daquele banco. O investidor não pagava, mas também não percebia conflitos de interesse e nem sempre era bem atendido.”
A especialista da FGV Eaesp chama a atenção para o avanço na estrutura dos bancos e das corretoras para atender melhor o investidor que busca orientação. “Os bancos passaram a trabalhar com produtos de outras casas, o que é superimportante ao reforçar a independência na recomendação do investimento. Banco não é mais um supermercado de marca própria, hoje é multimarca”, comenta Claudia. Segundo a professora da FGV, independentemente do nome de quem irá atender, assessor, gestor ou consultor, o que precisa estar no radar do investidor é a qualidade do profissional. “Deve olhar o custo do serviço, se cabe no bolso, e se é um profissional certificado.”
A ideia de que precisa ter muito dinheiro para necessitar de aconselhamento também é posta de lado por Erick Scott Hood, head de Produtos & Portfólios da Inter Invest. “Dá para montar carteiras balanceadas, com ativos diferentes, a partir de R$ 1 mil investidos. O mercado se sofisticou e há opções de investimento com baixo tíquete de entrada a ser analisadas e oferecidas ao investidor”, comenta Hood. Segundo o especialista, sempre que o investidor não sabe o que fazer com seu dinheiro, é a hora de procurar ajuda profissional.
Para a sócia e private banker da Blackbird Investimentos, Sharon Halpern, a ajuda profissional também é importante para ter uma visão de 360 graus sobre a vida financeira do cliente. “É preciso analisar o todo, se ele precisa de um seguro de vida ou para doenças graves ou até perda de renda. A oferta adequada de investimentos passa por entender quais os planos de curto, médio e longo prazo da pessoa.”
Estratégias bem definidas são vitais, segundo Sharon. No caso específico de um profissional de arquitetura que trabalha no mercado imobiliário, por exemplo, será que faz sentido colocar todas as aplicações dele em imóveis, de repente? Em fundos imobiliários? “Se os imóveis perdem valor por condições de mercado, pode ser que, simultaneamente, a renda vinda do trabalho desse profissional também esteja em queda. É este o trabalho de quem presta consultoria para o investidor, ou seja, estabelecer um plano específico para a realidade dele”, afirma Sharon.
A necessidade de que o investidor faça um filtro nas informações também é importante, afirma Jaqueline Acar, superintendente da Ágora Investimentos. “A abundância de informações, especialmente nas redes sociais, somada à variedade de interlocutores, à facilidade e à conveniência de acesso, pode se tornar uma armadilha na busca por conteúdos confiáveis, bem fundamentados e que façam sentido para o próprio investidor”, comenta Jaqueline, destacando a importância de se procurar por uma assessoria de investimentos.
Principais Figuras do Mercado
Quem faz o quê
Planejador financeiro
Avalia as expectativas e as necessidades de cada pessoa; ajuda a dar um rumo para suas finanças de uma forma mais ampla, não apenas com foco nos investimentos.
Assessor de investimentos
Capta clientes, recebe e registra as ordens de investimentos, além de prestar informações sobre os produtos e serviços oferecidos pelas instituições financeiras. Não recomenda produto.
Consultor de investimentos
Orientar, aconselhar e oferecer recomendações sobre investimentos no mercado de valores mobiliários. Ele não pode realizar os investimentos pelo cliente.
Gestor de patrimônio
A principal diferença entre um consultor de investimentos e um gestor de patrimônio é o fato de que o gestor pode ser autorizado a realizar aplicações financeiras em nome do investidor.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
Notícias em alta | Economia
Veja mais em economia