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Cientista político e economista

Opinião|As políticas importam e a liderança futura pode fazer a diferença

Populações em vários países têm visto abundantemente o que tecnologias sofisticadas podem produzir, mas relativamente poucos são bem-sucedidos no final

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Kamala Harris e Donald Trump concluíram seu debate na terça-feira da semana passada. O resultado foi tão claro quanto a tragédia de 11 de Setembro, quando os Estados Unidos foram atacados por Osama bin Laden. Apesar da imediata insistência de Trump na vitória — sem o apoio de quase nenhum dos seus seguidores — a conclusão geral foi óbvia. Ele havia perdido feio.

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Isso foi confirmado pelo The New York Times na matéria “Fact-Checking the Debate: A Torrent of Falsehoods from Trump, and some Missteps from Harris” (Checagem factual do debate: uma enxurrada de mentiras de Trump, e alguns equívocos de Harris).

Agora, há um sério renascimento dos esforços de Harris para se tornar a primeira mulher presidente. As contribuições à campanha dela dispararam novamente.

Biden falhou gravemente em lidar com a gama inicial de mentiras descaradas de Trump; sua difícil decisão posterior de deixar a disputa teve amplo apoio antes da Convenção do Partido Democrata. Assim, a vice-presidente tinha começado a enfrentar a perspectiva de uma derrota aparentemente certa.

Incêndios no Brasil desafiam a geração de uma política climática Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ainda assim, no ponto atual, o resultado da eleição presidencial permanece incerto. Mais uma vez, os EUA são forçados a confrontar questões históricas: o papel dominante da escravidão primitiva no sul do país; a longa resistência ao acesso feminino ao controle da natalidade e ao aborto; a desigualdade de renda em diversas regiões; tarifas comerciais que trazem vantagens aos produtores nacionais; cerceamento do direito ao voto; superioridade em relação à liberdade tribal e ao acesso às terras; e ainda outros. Isso influencia não apenas as eleições nacionais, mas também a própria qualidade de vida.

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O Brasil continua suas tentativas de moldar a política eleitoral para as próximas eleições para o Congresso e outros cargos em outubro. Como sempre, os pratos da balança estão bem cheios, e tentar acompanhá-los afeta as dívidas nacionais e estaduais, e a projeção das despesas futuras. O governo Lula, a variedade de partidos da oposição, bem como os tribunais, estão intimamente envolvidos. Afinal, o próximo conjunto de adversários presidenciais será definido. Lula ainda pretende ser essa pessoa.

Um relevante problema interno sendo enfrentado é a necessidade de elaborar — e efetivar — políticas de energia de longo prazo. Isso requer uma posição mais ativa na geração de uma política climática cujos objetivos começam a ganhar consistência. Incêndios na Amazônia desafiam as alegações de sucesso. Antes, houve enchentes no Rio Grande do Sul e em São Paulo.

O Brasil tem buscado esforços em substitutos como o vento, uso de açúcar como combustível, acesso à construção de barragens de alargamento, hidrogênio e outros. A produção de petróleo aumentou muito no mar. Mas os controles não são totalmente úteis, nem efetivos. Os subsídios não desaparecem.

A liderança futura pode fazer a diferença. Populações em vários países têm visto abundantemente o que tecnologias sofisticadas podem produzir. Mas relativamente poucos são bem-sucedidos no final. A globalização ainda não funcionou para garantir rendas crescentes para os antes pobres, nem uma vida melhor para todos. As políticas importam, mas não independentemente de regras democráticas e comunidades plurais./Tradução de Augusto Calil

Opinião por Albert Fishlow

Economista e cientista político, professor emérito nas universidades de Columbia e da Califórnia em Berkeley

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