Alberto Safra, herdeiro de Joseph Safra que está processando a mãe, Vicky Safra, e os irmãos Jacob e David, por causa da herança bilionária do pai, é o terceiro dos quatro filhos do casal. Com cidadania brasileira, grega e espanhola e formação em Wharton, nos Estados Unidos, ele começou a trabalhar em 2006 no Banco Safra e deixou o comando da instituição em outubro de 2019, após um desentendimento com a família. Alberto, de 43 anos, administrava o banco brasileiro ao lado de seu irmão mais novo, David, mas vinha perdendo poder na gestão.
Na ação ajuizada na Justiça de Nova York na semana passada, a defesa de Alberto afirma que David e Jacob manipularam Joseph e Vicky e fizeram uma campanha para tirar o irmão do banco.
Alberto acusa os membros da família de terem diluído, de forma ilegal, sua participação na holding SNBNY (que controla o Safra National Bank, um banco americano com US$ 9 bilhões em ativos, e que não tem relação com o Banco Safra brasileiro).
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Segundo a petição, à época da diluição, Joseph Safra estava com a saúde debilitada. A defesa aponta que, até dezembro de 2019, a família usava um grupo de Whatsapp para trocar informações sobre seu estado. No fim de janeiro de 2020, porém, Vicky Safra teria deixado o grupo e criado outro do qual também participavam médicos, mas não Alberto.
“Como resultado das tentativas da família de isolar Alberto, ele só pode ver seu pai quatro vezes entre dezembro de 2019 e sua última internação em 2020″, afirma o documento. Em outro trecho, os advogados escrevem que, “com o conhecimento de Vicky, David e Jacob se opunham às tentativas de Alberto de visitar o pai”.
Ainda segundo a ação, Joseph fez um testamento em junho de 2018 no qual os três irmãos ficariam, cada um, com 28% de certos ativos no Brasil. Esther, que não participava da administração dos negócios, teria direito a 16%. Essa divisão teria se repetido em um testamento assinado em novembro de 2018 referente à holding SNBNY.
Em novembro de 2019, porém, após Alberto ter deixado o Banco Safra, Joseph assinou um testamento adicional que estabelecia que todos os dividendos, os juros sobre capital próprio e as ações da SNBNY de Classe B adquiridas após 19 de dezembro de 2018 seriam alocadas para David e Jacob em proporções iguais, “afetando os direitos de Alberto”.
Um mês depois, Joseph fez um testamento adicional revogando a distribuição de certos ativos brasileiros incluídos no testamento de 2018 e distribuindo os bens entre Jacob e David em proporções iguais, diminuindo também os de Alberto. Pouco tempo depois, foi feita a diluição de sua participação na SNBNY.
Procurados, assessores de Alberto afirmaram que, em “razão de atos ilegais e agressivos praticados por seus irmãos”, ele “não teve alternativa senão ingressar com ação judicial na Suprema Corte de Nova York para proteger os seus direitos”. “É lamentável que David e Jacob Safra tenham tomado tais ações ilegais. Por meio da ação judicial, Alberto Safra busca a proteção dos seus direitos.”
A família Safra refutou as alegações de Alberto e publicou a nota abaixo:
“Poucos meses após receber doação do Sr. Joseph, como antecipação de sua herança, Alberto deixou o Banco Safra, sem atender aos apelos feitos pessoalmente pelo seu pai e iniciou negócio concorrente ao Banco Safra, tendo, inclusive, assediado e contratado vários executivos do Grupo.
Nessa ocasião Sr. Joseph conversou com diversos executivos solicitando que não acompanhassem Alberto em sua empreitada, já que se tratava de uma afronta a ele próprio.
Após diversas recusas de Alberto de mudar seus planos, Sr. Joseph o deserdou e tomou medidas naquele momento.
Agora Alberto promove disputa contra toda a família, dizendo que o pai não teria motivos para fazer o que fez, alegando tratar-se de uma conspiração para prejudicá-lo.
A Família lamenta o caminho adotado por Alberto, que primeiro atentou contra o pai em vida e agora o faz contra sua memória, e refuta suas alegações.”
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