As ações de empresas de alimentos não devem sofrer efeitos imediatos com a quebra da safra de milho e trigo. O fenômeno foi ocasionado pelas baixas temperaturas, sobretudo no Sul do País. Corretores do mercado agrícola estimam que o Brasil terá um gasto adicional de aproximadamente US$ 500 milhões este ano, apenas com a importação de milho, caso se confirme a informação preliminar de que houve perda de 50% da safra. Segundo analistas de mercado, os estoques de matéria-prima irão amenizar a elevação de custos. O analista Vicente Koki, da Sudameris Corretora, observou que, além de estocarem grande quantidade de matéria-prima, as grandes empresas de alimentos anteciparam as compras no primeiro semestre. Temia-se a de escassez de produtos em função da seca prevista para o período. Os investidores deverão estar mais atentos à performance das indústrias alimentícias a partir do ano que vem. Koki manteve a recomendação de compra para as ações da Sadia e da Perdigão. O analista Tobias Stingelin, do Banco Chase, também acredita em boas perspectivas para os papéis do setor. Para ele, além dos estoques elevados, as grandes empresas de alimentos podem lançar mão de outras estratégias para minimizar o impacto dos custos em seus balanços, mas podem repassar parte dos aumentos. Os analistas concordam que as ações das companhias devem acompanhar a retomada do crescimento do setor e reverter a perda de 23,38% acumulada entre janeiro e junho de 2000. Segundo eles, os investidores perceberam que os papéis estavam muito desvalorizados frente ao índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) - que apresentou queda de 2,1% no primeiro semestre - não refletindo a realidade das companhias. Os analistas destacaram que as empresas do setor têm realizado pesados investimentos na expansão e modernização de suas plantas, diversificação de produtos e na melhoria da logística de transporte, apostando no crescimento do mercado interno. Papéis tiveram forte recuperação em junho Para Koki, do Sudameris, o impacto da alta dos produtos não-industrializados (em especial milho e soja) sobre os custos do setor, tanto no segundo semestre do ano passado quanto no primeiro trimestre de 2000, foi forte o suficiente para assustar o investidor. Segundo ele, o mercado se antecipou à divulgação dos balanços trimestrais das companhias atuando com um forte movimento de venda no começo do ano. A recuperação teve início em maio, acentuando-se no mês seguinte. De acordo com um levantamento da Economática, as ações do setor registraram valorização de 16,78% em junho, frente a um ganho de 11,80% do Ibovespa, no mesmo período.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.