Há uma atualização das projeções com os dados atualizados até 13/4, disponível aqui.
Ontem postamos no blog os resultados de uma estimativa das chances dos parlamentares indecisos votarem a favor e contra o impeachment feita pelos pesquisadores Guilherme Stein (FEE/RS), Marcelo Griebeler (UFRGS) e Eduardo Zylberstajn (Fipe e EESP/FGV). Nesse texto, detalharemos a metodologia, incluindo uma melhoria que fizemos no modelo probabilístico antes de recalcular as probabilidades em função dos novos parlamentares que reportaram seus votos para o Placar do Impeachment do Estadão. A base de dados utilizada registrava 299 votos favoráveis ao impeachment e 123 contrários, sendo que os demais ou são indecisos ou não responderam.
A partir do novo modelo e dos dados atualizados, o valor esperado para os votos favoráveis ao impeachment é de 356. Com 10.000 simulações de combinações possíveis respeitando essas probabilidades, encontramos um intervalo de resultados entre 342 e 369 votos favoráveis ao impedimento.
Ou seja, além dos 299 deputados que já se declararam favoráveis, estimamos que, em média, outros 57 deputados dos 91 indecisos ou não declarantes votem favoravelmente ao impeachment. Isso representa um percentual de 62,3% de votos favoráveis em relação ao total de indecisos ou não declarantes.
Lista das probabilidades para cada deputado indeciso/que não se manifestou:
Disponível em PDF
.
Metodologia:
A partir do Placar do Impeachment do Estadão, é possível estimar a chance que os deputados indecisos ou que até agora não indicaram seu o voto têm de votarem favoravelmente ou contrariamente ao impeachment. Para tanto, considerou-se que a chance de um parlamentar votar em favor do impeachment é função das seguintes características: se ele faz parte de um partido oposicionista ou governista, de qual estado ele vem, se ele é titular ou suplente e o índice que mede a fidelidade de um parlamentar ao governo calculado pelo jornal Estado de São Paulo, obtida no Basômetro do Estadão.
A grande novidade é exatamente essa última variável. Para os resultados divulgados hoje, incorporamos no modelo os dados do Basômetro, uma ferramenta interessantíssima que mostra como cada deputado votou nas últimas questões analisadas pela Câmara. A 'taxa de governismo' mostra em quantas votações o parlamentar acompanhou a indicação do governo.
O modelo foi estimado utilizando a especificação Probit que é comumente utilizada quando se deseja prever uma variável dependente que pode assumir apenas dois valores. As variáveis dependentes foram dummies dos estados, dummies dos partidos DEM, PCdoB, PSC, PSDB, PSOL e PT, uma dummy que diz se o deputado é suplente ou não e o índice "Basômetro" de cada parlamentar.
(Para quem não está acostumado com modelos estatísticos, dummy é um termo que se usa para variáveis binárias, i.e. que assumem valor 0 ou 1).
Na amostra, foram incluídos todos os parlamentares que declararam seu voto para o Estadão - seja favorável ou contrário ao impeachment. Uma vez tendo estimado os parâmetros do modelo, realizamos uma previsão para "fora da amostra", com os deputados que ou se diziam indecisos ou não haviam declarado o voto. Com o score previsto para cada parlamentar, em função de seu estado, partido e suplência ou titularidade, foi possível calcular o valor esperado dos votos daqueles que, até o momento da estimação, não haviam declarado o voto. Em seguida, realizamos 10.000 simulações para obter um intervalo de resultados possíveis. O histograma dessas simulações é exibido abaixo:
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.