Alta efetiva no custo de vida das famílias foi de 1,83% no primeiro trimestre, aponta FGV

Cálculo considera gastos dos consumidores que conseguiram driblar parte dos aumentos de preços com substituições na cesta de consumo; inflação oficial no período ficou em 2,09%

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RIO - A inflação oficial no País foi de 2,09% no primeiro trimestre de 2023, mas as famílias brasileiras sentiram um aumento efetivo no custo de vida menor no período, de 1,83%, segundo o Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF). O novo índice de inflação desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) considera os gastos efetivos dos consumidores brasileiros, que conseguiram driblar parte dos aumentos de preços na economia por substituições na cesta de consumo.

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“Quando o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por carne branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento de preços, por exemplo, os itens substituídos perdem peso no IPGF e seus aumentos passam a contribuir menos para o índice e vice-versa. Assim, no longo prazo, esse efeito acaba gerando um número menor de inflação”, explicou Matheus Peçanha, economista responsável pela pesquisa do Ibre/FGV, em nota oficial.

O IPGF usa dados do Consumo das Famílias no Sistema de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mensurados e compilados pelo Monitor do PIB da FGV, para atualizar mensalmente o peso dos itens na cesta de produtos e serviços cujos preços são investigados. A intenção é que o índice reflita a inflação a partir de uma cesta de consumo móvel, que se adapte automaticamente às alterações de preferência do consumidor ao longo do tempo.

O Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF) registrou aumento de 0,52% em março, ante uma elevação de 0,71% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, apurado pelo IBGE).

Com o resultado, o IPGF acumula uma taxa de 4% nos 12 meses terminados em março, enquanto o IPCA ficou em 4,65%.

“O recente resultado consolidou a tendência de desaceleração da inflação também observada no IPCA”, apontou a FGV, em nota. “Em 2022, o IPGF fechou o ano com uma variação de 4,94%, dentro, portanto, da meta de inflação, cujo limite superior era de 5%. No mesmo período, o IPCA variou 5,78%.”

Peso de cada item na inflação varia a cada mês Foto: Werther Santana / Estadão

Os preços da alimentação medidos pelo IPGF mostraram forte freio no primeiro trimestre. O grupo saiu de uma alta de 11,30% acumulada em 12 meses até dezembro de 2022 para um avanço de 5,73% nos 12 meses terminados em março de 2023. Os itens alimentícios que mais contribuíram para esse arrefecimento foram “outros produtos e serviços da lavoura” (de 20,42% para 6,77%), “carne de bovinos e outros produtos de carne” (de 1,84% para −2,99%) e “outros produtos do laticínio” (de 22,09% para 17,67%). Outros três grupos com desaceleração relevante foram: Habitação (de 3,19% nos 12 meses terminados em dezembro de 2022 para 1,95% nos 12 meses encerrados em março de 2023, puxado por “produção e distribuição de eletricidade, gás, água e esgoto” e “GLP e outros produtos do refino de petróleo”); Artigos de residência (de 3,32% para −1,11%, sob influência de “material eletrônico e equipamentos de comunicação” e “máquinas para escritório e equipamentos de informática”); e Vestuário (de 7,42% para 4,95%).

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O novo índice de inflação mostrou melhora também no processo de disseminação de aumentos de preços. O índice de difusão do IPGF - que mostra a proporção de itens com elevações de preços - saiu de 73,9% em dezembro de 2022 para 52,2% em março deste ano.

A FGV ressalta que, por ter seus pesos determinados pelas Contas Nacionais apuradas pelo IBGE, o IPGF possui apenas 52 itens investigados, “um número bem menor que os mais de 300 itens do IPCA”.

A próxima divulgação do índice, referente ao mês de abril de 2023, está programada para o fim de junho de 2023, informou a FGV.

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