Alta na gasolina terá impacto de 0,32 ponto percentual na inflação de março, estima FGV

Embora aumento afete, principalmente, famílias de maior renda, que têm automóveis, alta pode reduzir o consumo de outros bens

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Foto do author Cleide Silva
Atualização:

O reajuste de R$ 0,34 no preço do litro da gasolina deve ter impacto de cerca de 6,5% no preço do combustível na bomba que, por sua vez, refletirá em alta de 0,32 ponto porcentual na inflação de março, estima André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre).

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Segundo o economista, o IPCA de março deve ficar na casa de 0,70%, ainda assim abaixo do 1,6% registrado em igual mês do ano passado. “Vai ser o principal impacto na inflação, mas, ainda assim, permitirá que, no acumulado de 12 meses, o índice continue em desaceleração”, diz.

Embora afete, principalmente, famílias de maior renda, que têm automóveis, essa alta pode reduzir o consumo de outros bens, e a alternativa será usar menos o carro e mais o transporte público ou os serviços de carona. No caso do etanol, que vai subir R$ 0,02, o impacto é menor, pois seu peso no IPCA é de 0,05%, enquanto o da gasolina é de 5%. Já o diesel, que ficará R$ 0,08 mais caro, tem peso de 0,1% no orçamento familiar.

A medida não deve resultar em alterações na queda da taxa de juros no curto prazo, o que deve ocorrer só a partir do quarto trimestre, avalia Braz.

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Política de preço x política tributária

Para o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o governo erra ao anunciar a reoneração da gasolina e do etanol no mesmo momento em que a Petrobras anuncia queda de preços na refinaria do diesel e da gasolina.

“Apesar dessa queda, os preços da gasolina e do diesel continuam seguindo paridade internacional e, como não é possível controlar política de preço – que depende do câmbio e o do custo do barril –, se amanhã ou na próxima semana esse preço subir ou o câmbio mudar, a diferença some”, afirma Pires, se referindo ao aumento de R$ 0,47 anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descontando os R$ 0,13 anunciado pela Petrobras.

Sindicato do Comércio Varejista do Estado de São Paulo teme que a redução dos R$ 0,13 feito pela Petrobras não seja repassado pelas refinarias e, portanto, não chegue para o consumidor. Foto: Wilton Júnior/Estadão 

Em sua opinião, não se pode misturar política comercial de preço da Petrobras com política tributária do governo. “Esse anúncio no mesmo dia não foi bem visto pelo mercado.” Outra crítica do economista é em relação ao imposto de exportação para óleo cru, o que traz inseguranças regulatória e jurídica.

“Do ponto de vista da economia, da imagem do Brasil, teria sido melhor colocar o PIS/Cofins integral nos combustíveis do que criar imposto, mesmo que seja por quatro meses”, diz Pires. “Todas as empresas petroleiras estão desabando na Bolsa.”

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Já a boa notícia do anúncio, ressalta Pires, foi a de restituir a competitividade do etanol, pois estimula o combustível limpo em relação ao sujo, além de cumprir com a emenda constitucional da paridade entre os dois combustíveis.

Etanol teve reajustes

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouveia, teme que a redução dos R$ 0,13 feito pela Petrobras não seja repassado pelas refinarias e, portanto, não chegue para o consumidor.

No caso do etanol, ele diz que as distribuidoras aumentaram os preços para os postos entre R$ 0,10 e R$ 0,16 entre a semana passada e a atual. “O consumidor vai abastecer o carro querendo uma redução de R$ 0,02 no preço do litro, mas pode encontrar um aumento.”

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