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Preço do aluguel sobe oito vezes mais que o IGP-M no 1º semestre; veja onde a alta foi maior

Imóveis de um dormitório foram os que tiveram a maior alta no aluguel; no geral, rentabilidade média para os proprietários foi de 5,94%

Foto do author Lucas Agrela
Atualização:

O preço do aluguel residencial subiu 8,02% no primeiro semestre deste ano, de acordo com dados do Índice FipeZap, que considera médias de preços de 25 cidades. Essa alta significa quase oito vezes a variação do índice IGP-M, que foi de 1,10% nos primeiros seis meses deste ano - o IGP-M costuma ser o indicador mais utilizado nos contratos de aluguel.

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As capitais que tiveram os maiores aumentos de preços neste ano foram Brasília (13,93%), Salvador (13,52%) e Curitiba (11,10%). Mas foi a cidade de Campinas, no interior paulista, que liderou o ranking de aumento de aluguel, subindo 14,25% de janeiro a junho.

A capital paulista ficou em 17.º lugar entre os municípios com maiores altas no aluguel, com aumento de 6,53% nos preços.

No primeiro semestre, os imóveis com apenas um dormitório foram os que tiveram a maior alta média no aluguel, custando 9,57% a mais do que no começo do ano.

“Se o mercado de trabalho permanecer estável ou melhorar ainda mais, é possível que haja mais aumento do preço médio do metro quadrado de locação no restante dos meses do ano. Porém, dado o desempenho no primeiro semestre de 2024 e o padrão observado no segundo semestre de 2023, tanto do índice de locação quanto do mercado de trabalho, o índice FipeZAP deste ano pode atingir um valor menor do que no acumulado de 12 meses de 2023″, diz Paula Reis, economista do DataZap.

Santos é a cidade mais rentável para ter imóvel para aluguel Foto: FERNANDA LUZ/ESTADAO

Preço médio

O preço médio do metro quadrado para locação no País ficou em R$ 45,92 no primeiro semestre. Imóveis com um dormitório têm o maior preço médio, de R$ 60,26/m², enquanto os de três quartos têm o menor preço médio, de R$ 39,79/m².

Entre as capitais, São Paulo teve a maior alta de preço, chegando a R$ 55,01/m², seguida por Florianópolis (R$ 53,71/m²), Recife (R$ 51,43/m²), Rio de Janeiro (R$ 47,85/m²) e Brasília (R$ 46,54/m²).

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Para o planejador financeiro CFP pela Planejar, Marcelo Milech, o aumento de preços está relacionado ao baixo crescimento do IGP-M nos últimos anos (no ano passado, o índice, que capta principalmente preços no atacado, fechou com queda de 3,18%), o que leva proprietários a forçarem um aumento no valor dos alugueis no momento de fechar novos contratos com inquilinos.

“Os alugueis, que em sua maioria têm o IGP-M como indexador, tiveram reajustes de zero ou próximos de zero nos últimos anos. De seis meses para cá, além de uma nova subida relativa do IGP-M, a procura por locação valorizou esse tipo de modalidade, ‘virando o jogo’ da locação em favor dos proprietários. É uma situação cíclica, derivada, sobretudo, da escassez (de imóveis) e custo alto dos financiamentos imobiliários, que afastam os consumidores da compra e impulsionam a locação”, diz.

Milech lembra que o ideal é que as famílias não comprometam mais do que 30% da renda mensal com aluguel e contas do imóvel - como o IPTU, contas de consumo e condomínio. Dados de abril do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP) mostram que o valor de aluguel de 78% dos contratos fechados era de até R$ 1.800.

De acordo com o Conselho, as vendas de imóveis na cidade caíram 21,56% no acumulado do ano até abril. Porém, o acumulado de alugueis teve aumento de 61%. “Isso indica que, quando as famílias não conseguem comprar, se voltam para o aluguel, uma despesa que ainda está cabendo no bolso dos paulistanos. E aquelas que conseguem comprar estão preferindo fazê-lo à vista. No período estudado pelo Creci-SP, 55,84% das transações foram efetivadas dessa maneira, ante 42,86% por meio de financiamento bancário”, diz o presidente da autarquia, José Augusto Viana Neto.

Mais rentáveis

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Para proprietários que colocam seus imóveis para alugar, os mais rentáveis foram aqueles com um dormitório, que tiveram rentabilidade média anual de 6,66%. A média de rentabilidade no País foi de 5,94%, ou seja, menos da metade da taxa de juros atual, de 10,5%.

Santos foi a cidade com maior rentabilidade para quem tem imóvel para aluguel, com retorno anual de 8,76%. Entre as capitais, as cidades com maiores retornos médios anuais para os proprietários que alugam seus imóveis foram Recife (7,56%), Salvador (6,88%), Porto Alegre (R$ 6,15%), Brasília (6,09%) e São Paulo (6%). Vale notar que a rentabilidade considera apenas a rende obtida mensalmente com aluguel, e não considera a valorização do imóvel ao longo dos anos.

Bairros mais caros de SP

Na capital paulista, enquanto Moema foi o bairro que teve o maior aumento de preços nos últimos 12 meses, subindo 18,8%, Pinheiros tem o metro quadrado de aluguel mais caro, com preço de R$ 87,50. Itaim Bibi aparecem em segundo lugar com preço de R$ 85,90, seguido por Moema, com R$ 73,30.

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A maioria dos bairros fica nas Zonas Oeste e Sul ou no Centro de São Paulo. Santana é o único da Zona Norte do ranking, enquanto a Zona Leste não tem um representante entre as áreas mais caras da cidade, ainda que o Jardim Anália Franco venha se consolidando como região nobre da cidade.

Segundo especialistas, o desenvolvimento urbano e comercial dos bairros que aparecem no topo do ranking são os principais motivos que levam a população a buscar moradias nessas áreas, elevando o preço do aluguel, bem como o do metro quadrado para compra e venda de imóveis residenciais.

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