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Opinião | Sem expor todos os programas e números, agenda de revisão de gastos nasce tímida e sob desconfiança

Por ora, só INSS e Proagro tiveram estimativas de contenção apresentadas; para buscar apoio para essa agenda, altamente impopular, governo precisará estar disposto a enfrentar debate público

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Foto do author Alvaro Gribel

O secretário de Orçamento Federal, Paulo Bijos, por diversas vezes afirmou, durante a coletiva de imprensa do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, nesta segunda-feira, 15, que o objetivo do governo é escalar na agenda de revisão de despesas daqui para frente.

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Essa é uma das principais críticas feitas à equipe econômica, e a simples sinalização nesse sentido já representa um avanço dentro do governo Lula.

O problema é que os números apresentados ainda são muito tímidos. Embora Bijos tenha indicado que as revisões irão atingir vários programas de governo daqui para frente, e que a meta é “escalar” essas medidas nos próximos anos, o fato é que apenas dois programas tiveram estimativas de contenção apresentadas: INSS e Proagro, como antecipou o Estadão no mês passado.

O secretário de Orçamento Federal, Paulo Bijos, por diversas vezes afirmou que o objetivo do governo é escalar na agenda de revisão de despesas daqui para frente. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agencia Brasil

Para 2025, por exemplo, a previsão é de uma economia de apenas R$ 7,2 bilhões para o INSS e de R$ 2 bilhões sobre o Proagro. Para efeito de comparação, as despesas previstas para a Previdência são de R$ 980 bilhões, o que significa uma economia de apenas 0,7% dessa rubrica. Já o Proagro no ano passado teve despesas de R$ 9,4 bilhões, 240% acima da projeção inicial de R$ 2,7 bi. O programa tem mais gordura para queimar.

Durante 2025 e 2028, a estimativa de redução de despesas com esses dois programas é de apenas R$ 37,4 bilhões, uma média de R$ 9,3 bi por ano, menos de 0,1% do PIB. Ainda que chegue a R$ 100 bilhões em 10 anos, como expôs Bijos, o esforço é claramente insuficiente para ajudar no equilíbrio fiscal.

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Outros dois grupos de despesas que pressionam o Orçamento são os pisos para Saúde e Educação, que são indexados por regras que crescem acima do estipulado pelo arcabouço fiscal. Questionado pelo Estadão na coletiva, o secretário do Tesouro Rogério Ceron, disse apenas que é preciso iniciar esse debate.

O Ministério do Planejamento, que coordena o programa de revisão de despesas sob o comando da ministra Simone Tebet, parece ainda buscar apoio político para essa agenda, que é altamente impopular, tanto fora quanto dentro do governo.

Para vencer a batalha, no entanto, precisará estar disposto a enfrentar o debate público – o que ainda não se vê de forma enfática –, dando reforço ao Ministério da Fazenda na luta pela volta do superávit primário e pela queda da dívida pública.

Opinião por Alvaro Gribel

Repórter especial e colunista do Estadão em Brasília. Há mais de 15 anos acompanha os principais assuntos macroeconômicos no Brasil e no mundo. Foi colunista e coordenador de economia no Globo.

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