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Opinião | Banco Central garante ‘âncora monetária’ e juros sob Lula vão superar pior momento de Dilma

Gestão Galípolo indica nova alta de juros em maio e reafirma compromisso do BC de levar a inflação para a meta

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Foto do author Alvaro Gribel

A reunião do Copom desta quarta-feira, 19, foi simbólica sob vários ângulos. Primeiro, porque indicou uma nova alta dos juros no encontro de maio, o que fará com que a Selic de Lula supere o pior momento do governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

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Segundo, porque a decisão foi unânime, o que significa que os diretores indicados pelo atual presidente reafirmaram o compromisso de levar a inflação para a meta. Terceiro, porque esse “guidance”, ou indicação futura, foi o primeiro dado sob a gestão de Gabriel Galípolo à frente do banco, que mantém o aperto dos juros, a despeito das pressões políticas.

O mercado financeiro fará uma leitura mais ampla da decisão, e já houve interpretações de que o comunicado foi “dovish (ou pomba em inglês, o que indica um texto leve), porque não apenas indicou um aumento menor à frente, como também afirmou que há “sinais incipientes” de desaceleração do PIB. A leitura mais atenta do texto, contudo, pode ser vista como dura, porque não há sinais de leniência deste BC no combate à inflação. Sob nenhum aspecto a presidência de Galípolo se parece com o período Tombini.

A decisão foi unânime, o que significa que os diretores indicados pelo atual presidente reafirmaram o compromisso de levar a inflação para a meta. Foto: Raphael Ribeiro/BC

O fato é que a Selic já atingiu níveis estratosféricos, de 14,25% ao ano, e subir a taxa não é a única forma de se conduzir a política monetária. O tempo em que os juros permanecem elevados também conta, e nada indica que o BC vai começar afrouxar os juros antes que as expectativas voltem a ficar ancoradas. No texto, o BC pontuou que persiste a “assimetria altista no balanço de riscos”, o que quer dizer que a chance maior é de piora. Em outro trecho, sintetizou a gravidade do quadro:

“O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista”, disse o Banco.

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O cenário externo é desafiador, com os aumentos de tarifas do governo Trump, que podem levar a uma onda inflacionária no país, e juros mais altos por lá. A reunião do Fed pontuou este cenário, embora o mercado tenha respirado aliviado porque não houve mudanças bruscas na política monetária americana. Internamente, há o risco de que o governo Lula continue lançando medidas de estímulo para evitar um desaquecimento do nível de atividade com a proximidade do ano eleitoral.

Se o País não tem clareza sobre as loucuras de Trump e a direção da política econômica de Lula, na política monetária, a âncora está lançada e parece firme em alto-mar.

Opinião por Alvaro Gribel

Repórter especial e colunista do Estadão em Brasília. Há mais de 15 anos acompanha os principais assuntos macroeconômicos no Brasil e no mundo. Foi colunista e coordenador de economia no Globo.

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