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Opinião | Comunicado do Copom tem minúcias que indicam caminhos à frente do Banco Central

Tarifas de Trump podem ser decisiva para a direção do real e risco de queda acentuada da atividade no Brasil mostra compromisso com alta dos juros para levar inflação para a meta

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Foto do author Alvaro Gribel

BRASÍLIA - Se o Banco Central limitou o “guidance” (orientação futura) da política monetária apenas para a próxima reunião, a leitura mais atenta do comunicado que elevou a Selic para 13,25% revela novos caminhos à frente.

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Um ponto que chamou a atenção no texto foi o chamado “balanço de riscos” sobre o cenário internacional, o que, em outras palavras, tem total relação com o novo governo americano de Donald Trump.

Por um lado, o BC disse que a política econômica externa pode fortalecer o dólar e afetar a inflação no Brasil. Ou seja, medidas de Trump podem complicar o cenário. Mas, por outro, afirmou que a inflação no País pode subir menos do que o previsto com choques de comércio internacional, já que o ‘tarifaço’, até aqui, não veio como esperado.

Copom Foto: Raphael Ribeiro/BC

A tradução do “coponês” parece complexa, mas no fundo é simples. Como expliquei na minha coluna após a decisão do BC, o dólar caiu de R$ 6,39 para R$ 5,86, desde dezembro, porque Trump não cumpriu as ameaças de elevar fortemente as tarifas comerciais contra a China, México e Canadá. Essas medidas eram esperadas para o primeiro dia de governo, mas não se materializaram.

Esse processo, sugere o comunicado do Banco Central, está em uma encruzilhada. Se Trump realmente não cumprir a ameaça nas próximas semanas e meses, há um espaço adicional para o fortalecimento do real. Mas, se cumprir (possibilidade sempre à mesa), o dólar pode dar uma nova disparada em relação à moeda brasileira. Uma complicação para a política de juros.

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Outro ponto importante do comunicado é a visão do Banco Central de que a economia brasileira pode ter uma “desaceleração mais acentuada”, o que reduziria a alta dos preços.

Se a fala pode soar prematura, já que o ritmo do PIB continua forte, a sinalização tem mais a ver com a reafirmação, pelo BC, de que está promovendo um choque de juros e que fará o necessário para que a inflação volte para o centro da meta.

Com o compromisso de a Selic chegar a 14,25% já na reunião de março, e com a porta aberta para novos aumentos, é natural que o BC enxergue, em algum momento, efeitos (e riscos) sobre o ritmo da atividade econômica no País.

Mesmo sem ‘guidance’, o texto tem minúcias que indicam novos passos do Banco Central. Por ora, o que o País terá pela frente é Selic mais alta, até que as expectativas de inflação voltem ao centro da meta.

Opinião por Alvaro Gribel

Repórter especial e colunista do Estadão em Brasília. Há mais de 15 anos acompanha os principais assuntos macroeconômicos no Brasil e no mundo. Foi colunista e coordenador de economia no Globo.

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