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Análise|País não suporta riscos fiscal e monetário, e cabe a Lula eliminar dúvidas sobre a transição do BC

Principal cotado para a presidência do órgão, economista Gabriel Galípolo tem mais a ganhar repetindo Henrique Meirelles do que seguindo o trágico caminho de Alexandre Tombini

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Foto do author Alvaro Gribel

A provável indicação do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, para a presidência do Banco Central vai significar um risco a menos para a economia brasileira. Desde maio, com a fatídica reunião do Copom dividida em 5 a 4, o País vem convivendo com uma incerteza monetária, além do risco fiscal. São dois pesos que País não suporta carregar ao mesmo tempo.

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Cabe a Lula resolver metade do problema, anunciando o novo nome, sem surpresas. Parte do mercado ainda enxerga Galípolo como um economista submisso ao Planalto, capaz de reeditar o trágico mandato de Alexandre Tombini no Banco Central durante o governo Dilma Rousseff.

O que os votos de Galípolo mostram, desde sua chega ao Banco, há um ano, é que essa visão tem tudo para ser equivocada. Suas últimas declarações foram na direção certa, não só para fugir das cascas de banana quando perguntado sobre a chance de assumir a presidência, mas para conduzir as expectativas, o que levou à queda do dólar e da curva futura de juros.

Galípolo já tem diversificado os encontros com economistas, valorizando também os convites feitos por universidades, conversando com estudantes e acadêmicos. Foto: Wilton Junior/Estadão

Isso não quer dizer que ele não possa imprimir a sua marca à frente do órgão. Uma das poucas críticas do PT a Campos Neto que faz sentido é a sua forte proximidade com o mercado financeiro. Galípolo já tem diversificado os encontros com economistas, valorizando também os convites feitos por universidades, conversando com estudantes e acadêmicos.

Essa interlocução mais ampla será benéfica para o Copom, já que o Banco Central não existe para servir à Faria Lima, mas para combater a inflação com o menor custo possível para o nível de atividade.

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Caso seja indicado, o economista terá à sua frente dois caminhos: repetir Henrique Meirelles e permitir uma gestão econômica equilibrada por um governo de esquerda. O resultado seria inflação mais baixa, crescimento mais alto e redução da pobreza. Mas pode também seguir o caminho de Tombini, o que levaria o governo ao desastre, manchando a própria biografia, com apenas 42 anos.

Há poucos incentivos para o segundo caminho. Ele mesmo tem dito que os novos diretores que chegam ao Banco Central precisam se provar e ganhar a confiança dos investidores. Entende as críticas como parte do processo.

O jeito mais rápido para reduzir essa incerteza são votações unidas pelo Copom até dezembro. Ainda que precise subir os juros, os ganhos de credibilidade compensariam qualquer efeito negativo sobre o mercado de crédito. Esse, como mostram os números, continua forte.

Nunca foi tão barato conquistar credibilidade.

Análise por Alvaro Gribel

Repórter especial e colunista do Estadão em Brasília. Há mais de 15 anos acompanha os principais assuntos macroeconômicos no Brasil e no mundo. Foi colunista e coordenador de economia no Globo.

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