Ambev entra no mercado de vinhos com marca própria e rótulos de R$ 49 a R$ 219

Conhecida pelas cervejas, empresa vai distribuir no Brasil tintos, brancos e espumantes da vinícola argentina Dante Robino, comprada pela companhia em 2020

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Por Suzana Barelli
Atualização:

A Ambev vai entrar oficialmente no mercado de vinhos no Brasil. O anúncio será feito nesta quarta-feira, 24, em um evento no Planetário do Ibirapuera, em São Paulo, já que os nomes e os rótulos de seus vinhos fazem referência aos planetas e ao espaço, com o slogan “amar-te, a Marte”. São espumantes, brancos e tintos elaborados pela vinícola argentina Dante Robino, adquirida pela AB Inbev, dona da Ambev, em fevereiro de 2020.

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Neste primeiro momento, serão três linhas, com foco nas variedades tintas malbec (símbolo da Argentina) e bonarda (apesar de pouco conhecida, é a segunda variedade tinta mais plantada no país do tango), além do espumante Novecento. Os preços para o consumidor começam em R$ 49,90 (o espumante). Nos vinhos, variam de R$ 89,90, na linha Dante Robino, até R$ 219,90, o Grand Dante. O rótulo premium Biografia não tem previsão de chegar ao Brasil.

“Estamos muito felizes com a chegada da Dante Robino ao Brasil. É um marco na história da Ambev, dentro da nossa trajetória de nos transformarmos em uma grande plataforma que nos possibilita oferecer para as pessoas diversas razões para brindar conosco, sendo o vinho uma delas”, diz Daniela Cachich, presidente da Future Beverages, divisão de produtos dedicada a bebidas alcoólicas que não sejam cerveja na Ambev.

A unidade presidida por Daniela é a responsável pela cervejaria entrar neste segmento no Brasil depois de vários ensaios. Aliás, desde a compra da Dante Robino havia especulações de quando seria a entrada da cervejaria no mercado brasileiro de vinhos, que no ano passado movimentou 438,8 milhões de litros, entre importação e a comercialização das vinícolas brasileiras.

Localizada em Mendoza, a Dante Robino tem capacidade para armazenar 11 milhões de litros por safra, mas a cervejaria não informa quantas garrafas está importando para o Brasil. Neste início de operação, a Ambev não precisou investir no aumento de produção, mas focou em um alinhamento de processos, organizando a vinícola para crescer e exportar.

Ambev irá entrar num mercado que, em 2022, movimentou 438,8 milhões de litros no País Foto: Ambev/Divulgação

“Padronizamos processos, investimentos em qualidade e higiene, com muitas mudanças técnicas”, conta a enóloga Maria Soledad Buenanueva, que trabalha há oito anos na vinícola. E acrescenta: “Se antes comprávamos 20 barricas de carvalho por ano, agora compramos mais de 100, e a nossa linha de engarrafamento passou a funcionar todos os dias”.

A chegada da Ambev deve aquecer a distribuição de vinhos no Brasil, hoje vista como um dos calcanhares de Aquiles do setor. “A cervejaria tem a força da distribuição, com capilaridade incrível, que vai mudar os ponteiros do mercado de vinhos no Brasil”, afirma Felipe Galtaroça, CEO da Ideal Consulting, consultoria especializada nos brancos e tintos.

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Os vinhos da Ambev serão comercializados tanto pelo aplicativo Zé Delivery, de entrega de bebidas prontas para o consumo, que pertence à Ambev, quanto pela plataforma digital Bees (o B2B da Ambev), além de supermercados e lojas especializadas.

Galtaroça, no entanto, acredita que a Ambev não vai brigar tanto pelo público que já consome vinho, mas tentar chegar a um novo consumidor, que ainda é reticente à bebida. “Queremos trazer uma imagem mais informal, coloquial do vinho, e ter sempre o produto disponível para o consumidor. Tem muitos lugares que o brasileiro não encontra o vinho”, afirma Nicolas Bruno, diretor-geral da Dante Robino. Também por isso os rótulos foram redesenhados com foco mais nos elementos espaciais do que nos atrativos do vinho.

Antes de decidir por investir no mercado brasileiro, a Ambev testou o mercado em edições limitadas. Durante a Copa do Mundo, a cervejaria lançou o Bien Amigos, um vinho com as variedades malbec (em referência à Argentina) e merlot (ao Brasil), elaborado a quatro mãos com o apresentador Galvão Bueno, dono de uma vinícola no Brasil, a Bueno Wines.

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O segundo passo foi mais silencioso, com a comercialização dos vinhos da Dante Robino apenas pelo aplicativo Zé Delivery, no bairro paulistano de Moema. A procura surpreendeu positivamente os executivos da Ambev. Recentemente, veio o terceiro passo, quando o Zé Delivery começou a distribuir o Vinho do Zé, um branco, um rosado e um tinto, feito em parceria com a vinícola Miolo, ao preço de R$ 39,90 a garrafa.

O quarto passo foi abortado de última hora. A cervejaria iria lançar o vinho em lata com a marca Blasfêmia (a mesma que tem na Argentina), em parceria com a vinícola Salton. As máquinas já estavam prontas para envasar a bebida na unidade da cervejaria em Guarulhos, na Grande São Paulo, quando estourou o escândalo de trabalho análogo à escravidão, que envolvia a Salton. A decisão foi desistir da operação. Na Argentina, Nicolas Bruno diz que o vinho em lata também deve ser descontinuado e que o foco deve ser nas embalagens bag-in-box.

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