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American Airlines pede concordata

Empresa, até 2008 a maior companhia aérea global, era a única das grandes americanas que ainda não havia pedido recuperação

Por Denise Chrispim Marin, CORRESPONDENTE e WASHINGTON

Com uma dívida de US$ 29,6 bilhões, a controladora das companhias aéreas American Airlines e da American Eagle, AMR Corporation, anunciou ontem sua concordata. Um processo de reestruturação será posto em marcha, com possíveis reduções do seu quadro de 87 mil empregados e dos contratos de leasing de aviões, como meio de "recuperar a lucratividade, operar com maior flexibilidade e se fortalecer financeiramente". A companhia anunciou que pretende manter, por enquanto, sua programação de voos e seu programa de milhagem.A AMR entrou com o pedido de concordata com base no Capítulo 11 do Código de Falência dos EUA, na Corte do Distrito Sul de Nova York, logo depois de uma reunião de sua diretoria. A decisão teve apoio unânime. A empresa conta com um saldo em caixa, para despesas de curto prazo, de US$ 4,1 bilhões, e com um patrimônio de US$ 24,7 bilhões - cifra US$ 4,9 bilhões menor do que sua dívida total.Thomas Horton, presidente da AMR e da American Airlines, atribuiu a concordata aos altos custos de operação, à concorrência mais acirrada nos últimos anos, ao ambiente de incerteza na economia mundial e à oscilação nos preços internacionais do petróleo. Conforme lembrou, as principais concorrentes da American Airlines nos EUA, a Delta e a United Airlines, sobreviveram a processos parecidos nos anos 2000."Temos de resolver nosso custo estrutural, incluindo os custos trabalhistas, para que possamos nos capitalizar nos nossos pontos fortes e assegurar o nosso futuro", afirmou Horton. "Nossa grande desvantagem em custos em comparação aos nossos maiores concorrentes, todos eles com seus custos e dívidas reestruturados por meio do Capítulo 11, tornou-se cada vez mais insustentável."O Capítulo 11 do Código de Falência permite à empresa tomar empréstimos em condições mais favoráveis e ter os seus litígios judiciais suspensos até o final do processo de reestruturação. Também autoriza os controladores a continuar no comando da empresa e somente em casos raros termina com a decretação da falência. Embora a AMR tenha insistido na preservação de suas rotas e voos, os cortes de gastos poderão atrapalhar esse objetivo e certamente terão impacto no valor de suas ações e em outros setores da economia. Ontem, os acionistas da AMR assistiram os papéis da empresa praticamente virarem pó: fecharam em queda de 84% na Bolsa de Nova York.Trabalhadores. A companhia mencionou ontem sua iniciativa de negociar com os sindicatos. Além de demissões, esse movimento pode avançar sobre o corte de gastos com as aposentadorias e pensões. A empresa argumenta ter um custo laboral US$ 600 milhões maior que o de suas rivais. "Atingir o custo estrutural competitivo que precisamos continua a ser a questão imperativa desse processo e, como parte disso, planejamos iniciar mais negociações com todos os sindicatos para reduzir os nossos custos trabalhistas a um nível competitivo", afirmou Horton.A AMR também já avisou as empresas de leasing de aviões sobre o inevitável cancelamento de contratos. Cerca de 30% de sua frota é composta por aviões adquiridos em sistema de leasing. Porém, a AMR deverá manter sua encomenda de 460 aviões menores à Boeing e à Airbus, com apenas um corredor, para voos dentro dos EUA. Essa compra, avaliada em US$ 38 bilhões, será importante para a redução de até 35% nos seus atuais gastos com combustível.Até 2008, a American Airlines era a maior companhia aérea do mundo. Mas acabou ultrapassada pelas suas concorrentes Delta e United Airlines, que cresceram por meio da aquisição de outras empresas do setor, e ameaçada pelas companhias dispostas a oferecer passagens mais baratas, como a Southwest Airlines.

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