O ano de 2021 chega ao final com indicadores econômicos e sociais impactados pela pandemia, mas também por uma série de desarranjos e incertezas políticas. O teto de gastos ruiu sem que as discussões relevantes – e estruturais – fossem feitas. Reflexo das escolhas dos nossos gestores públicos, teremos mais dinheiro público para quem menos precisa e maiores parcelas do Orçamento federal – e de forma obscura – para bloquear a necessária renovação política. Reformas foram adiadas e/ou desfiguradas, um calote foi dado e a inflação voltou. Tudo permeado pelo negacionismo que nos custou milhares de vidas – e outras ainda custarão pelos seus impactos sobre pobreza, educação, saúde e segurança.
Mas é na esperança de renovação que se depositam as alegrias de cada final de ano. São as perspectivas de uma vida melhor, de um mundo mais justo, mais próspero e de maiores oportunidades que nos inspiram a trabalhar ainda mais e a sempre perseverar. Daí porque deverá ser a resiliência nossa maior virtude em 2022. Baixo crescimento (ou retração), inflação que corrói, pobreza que cresce e oportunidades que se esvaem nos acompanharão às urnas em 2022, quando faremos a escolha que determinará os anos seguintes.
Manter-nos no atraso, voltar a atrasos anteriores, ou construir um novo futuro? Um novo futuro tem como base um Estado cuja eficiência e protagonismo como planejador, formulador e executor de políticas públicas voltadas para o cidadão sejam recuperados. Onde estabilidade e crescimento econômicos e responsabilidade fiscal sejam os alicerces para a redução das desigualdades sociais, raciais e de gênero. Um Estado que não mais se deixe apropriar por interesses particulares – legítimos ou escusos – e que pavimente o caminho para que o investimento privado exerça seu papel de forma equilibrada e responsável do ponto de vista ambiental e social.
O título de hoje não é original. Com ele, faço referência a um excelente artigo escrito por Pedro Malan ao final de 1982. Malan acertadamente previu que o ano de 1983 seria muito difícil, tanto do ponto de vista econômico quanto político, e desejou um feliz 1984. Pois, inspirada nele, desejo aqui um feliz 2023, já sonhando com um Brasil melhor para todos – no futuro.
Que 2022 seja um ano de resiliência, tolerância, empatia e paz. Informo que suspendo hoje minhas colunas neste espaço para, como cidadã, dar a minha parcela de contribuição para esse sonho de um Brasil melhor, atuando como conselheira no plano econômico de João Dória, pré-candidato do PSDB à Presidência da República.
ECONOMISTA E SÓCIA DA CONSULTORIA OLIVER WYMAN. O ARTIGO REFLETE EXCLUSIVAMENTE A OPINIÃO DA COLUNISTA*
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.