A principal surpresa no trimestre foi a aceleração do consumo das famílias, que cresceu 0,9% no período, ou 3% em relação ao mesmo trimestre de 2022. De fato, o mercado de trabalho segue robusto, com o aumento do emprego e melhora na renda após a queda da inflação. Mas também tivemos contribuições pontuais de estímulos fiscais com desonerações parciais em combustíveis e no setor automobilístico e o aumento das transferências do governo em programas sociais como o Bolsa Família, reajustes do salário mínimo e dos servidores públicos. Esses impactos pontuais são vistos com cautela e não devem se repetir nos próximos trimestres. Temos pela frente um cenário ainda de desaceleração no crédito, com o elevado patamar de juros e inadimplência, o que deve implicar em uma menor taxa de crescimento do consumo das famílias no segundo semestre.
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Outro dado positivo que surpreendeu as expectativas foi o bom desempenho da indústria extrativa. Começamos o ano com um cenário externo desafiador, tanto pela desaceleração das economias desenvolvidas, que também passam por processo de aperto monetário, como da China, que não mostrou recuperação pós-pandemia como se esperava. No entanto, as indústrias brasileiras de óleo e gás e mineração tiveram forte crescimento de 8,8% em relação ao mesmo período do ano passado, refletindo também no aumento das exportações de 12% no período, apesar da queda observada na cotação dessas commodities no mercado internacional.
O bom desempenho do PIB no 1º semestre indica que o crescimento do ano deve ser novamente revisto e devemos ter nova alta próxima de 3% em 2023. O ponto fraco da economia continua sendo o investimento. No segundo trimestre, caiu 2,6% em relação a um ano atrás e a taxa de investimento voltou para 17% do PIB, um baixo patamar que pode comprometer o potencial crescimento do PIB no futuro. A redução das incertezas fiscais e a consequente queda dos juros podem contribuir para um cenário mais positivo em 2024, com a sustentação de uma taxa de crescimento maior sem pressão inflacionária. / ECONOMISTA-CHEFE DO BANCO INTER
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