BRASÍLIA - A internet móvel de quinta geração (5G) poderá ser ativada antes do previsto nas regiões em torno das cidades com mais de 500 mil habitantes se depender da vontade da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A agência reguladora estuda antecipar a limpeza da faixa por onde vão transitar os sinais de internet, deixando o caminho livre para as operadoras ativarem o sinal antecipadamente, caso tenham interesse.
A informação foi compartilhada pelo conselheiro Moisés Queiróz Moreira, que preside o grupo responsável pela limpeza da faixa de 3,5 Ghz, reservada para o 5G. Moreira falou com a imprensa durante simpósio em Brasília organizado pela Telcomp - associação que reúne provedores de internet.
A faixa de 3,5 Ghz hoje é ocupada pelo sinal de TV por antenas parabólicas. A limpeza consiste em migrar o sinal das parabólicas da banda C para a banda KU, o que exige a instalação de filtros nas parabólicas. Só depois disso, as teles podem ligar suas antenas e oferecer o 5G em planos comerciais.
O cronograma em voga prevê que a limpeza da faixa nas capitais vai terminar até o fim do mês que vem. Em seguida, virão todas as 26 cidades com mais de 500 mil habitantes, que devem ser liberadas até 1º de janeiro de 2023.
Já nessa etapa, poderiam ser liberados também os municípios menores nas regiões metropolitanas e entornos, o que ocorreria só nos anos seguintes. “A nossa intenção é selecionar alguns blocos de cidades e antecipar esse processo”, disse Moreira. “Podemos quintuplicar o número de cidades aptas a receber o 5G”, acrescentou.
Segundo ele, o tema deve estar maduro para apreciação na próxima reunião do Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência (Gaispi), no dia 11 de outubro.
A motivação para antecipar o processo está na economia de custos, pois o trabalho poderia ser feito com mais escala. Além disso, há equipamentos em quantidade suficiente para avançar nesse trabalho. Por fim, houve sinalização de interesse das operadoras em ativar mais cedo o 5G nessas regiões.
“Teríamos ganhos em termos logísticos se a limpeza ocorrer por clusters (blocos). A gente teria que ir uma vez só nessas regiões, movendo pessoas e estoques de uma vez”, observou Leandro Guerra, presidente da Entidade Administradora da Faixa (EAF, que executa o trabalho de limpeza).
Moreira, da Anatel, acrescentou que foi notada uma demanda menor que a esperada por instalação de filtros em antenas parabólicas - o que permite agilizar o trabalho. “Imaginamos que existem mais pessoas assistindo a tv digital ou até mesmo recorrendo a box de tv pirata e dependendo menos das parabólicas”, observou.
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