A inteligência artificial chegou. E, com ela, uma série de desafios inéditos. O que parecia sob controle já mostra não estar tão administrado assim. Recente matéria publicada no Estadão dá conta de que a inteligência artificial está realizando tarefas para as quais não havia sido programada. Quer dizer, no ritmo que vai a ficção científica pode se tornar realidade. As máquinas estão a caminho de adquirirem vontade própria e autonomia para disputarem com o ser humano o controle do planeta.
Quanto tempo levará é a pergunta de um milhão de dólares, ou de um bilhão de dólares, depende do final da história. Mas não é improvável que no futuro as máquinas tenham vontade e capacidade de atuação próprias, criando um novo cenário, inédito para nós.
Por enquanto, ainda estamos em clima de uso produtivo da inteligência artificial a favor do ser humano e de seu bem-estar. No curto prazo, as novas tecnologias devem facilitar a vida, pelo menos das empresas, no que refere à capacidade operacional, eficiência e ganhos de produtividade.
Os novos paradigmas criados pela inteligência artificial devem afetar diretamente profissões como a advocacia e o jornalismo, para ficar em apenas duas. Dezenas de milhares de empregos estão seriamente ameaçados, e não há sinal de que possam ser substituídos na mesma proporção pelas novas profissões que irão surgir em consequência do novo cenário.
De outro lado, como compensação, as novas tecnologias trazem uma série de aperfeiçoamentos que modificam substancialmente a realidade, introduzindo ferramentas capazes de melhorar em qualidade e velocidade o desempenho de vários setores econômicos.
Independentemente das baixas no número de empregos formais, os resultados do emprego da inteligência artificial, no curto prazo, devem beneficiar o desempenho profissional de maneira geral.
O setor de seguros é um dos que têm muito a ganhar com ela. Através de sua capacidade de armazenamento e processamento de dados, a precificação dos seguros será muito mais exata. A inteligência artificial tem a capacidade de processar as informações e interpretar seu conteúdo numa velocidade e com uma exatidão inéditas.
Isso significa que as seguradoras terão condições de determinar com exatidão cirúrgica o preço de cada seguro. E aí surge uma questão ética terrivelmente complexa, ou melhor, dramática. De posse desse instrumental, as seguradoras terão condições de saber praticamente com absoluta certeza todos os dados a respeito dos interessados em contratar seguros e de seus riscos, tanto faz se pessoais ou materiais.
Ainda que se diga que a seguradora não é obrigada a aceitar todos os riscos e que isso seja válido para os riscos patrimoniais, será que a afirmação se aplica aos seguros de vida?
Através da inteligência artificial, as seguradoras terão como saber quem tem propensão a câncer, doenças cardíacas, psicológicas, psicomotoras etc. É razoável elas se valerem desse conhecimento para aceitarem ou negarem os seguros?
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