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Crônicas, seguros e um pouco de tudo

Opinião|A violência custa caro para o seguro

Além dos custos diretos em mortes, perda de patrimônio e interrupção de serviços essenciais, a violência interfere na saúde mental das pessoas e isso também custa e muito

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O Brasil atravessa um momento complicado no campo da segurança pública. O problema não é a absurda discussão política se é a esquerda ou a direita que está mais próxima do crime organizado, o problema está vivo nas ruas e cobra um preço altíssimo da população, em vidas e patrimônio.

A vida humana perdeu completamente seu valor. Poucos R$ 1.000 são suficientes para encomendar uma morte e a execução é regularmente feita por motociclistas, escondidos atrás de capacetes que dificultam a identificação. Ou, como aconteceu no Rio de Janeiro, por bandidos querendo subir na hierarquia do crime, que matam por engano três médicos que estavam participando de um congresso e foram a um quiosque na praia jogar conversa fora.

Os assassinatos estão na ordem do dia e se revestem de todas as formas jurídicas previstas na lei. Homicídios, feminicídios e latrocínios são matéria para a imprensa sensacionalista colocar seus programas no ar, enquanto o porcentual de casos solucionados e criminosos condenados não chega a 10%.

Assassinatos estão na ordem do dia e se revestem de todas as formas jurídicas previstas na lei Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

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Os assaltos acontecem em todas as partes das cidades, das rodovias e mesmo do campo, sem que a ação da lei intimide os delinquentes. Roubos e furtos a pedestres, motoristas, residências, propriedades rurais e empresas são rotina e não despertam a atenção, exceto se a ação tiver alguma coisa de inusitada.

A Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo publicou números importantes, mostrando a queda significativa dos roubos de carga e dos assaltos em geral, na comparação entre 2023 e 2022. É um trabalho que merece todos os elogios e o apoio, mas é um trabalho que até agora não conseguiu diminuir a sensação de insegurança da população.

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O paulistano não se sente inseguro nas ruas, dentro de casa, no automóvel ou no transporte público. Ele não sabe quando dois motoqueiros vão parar ao seu lado, lhe apontar uma arma e roubar o que ele tiver, do celular à aliança. Ou, dentro do carro, quando uma pedra quebrará o vidro para o ladrão rapidamente roubar a bolsa, a pasta ou o celular. E, dentro de casa, quando será assaltado por bandidos que pulam o muro ou, mais fácil ainda, entram junto com alguém que está abrindo a porta com a chave.

Mas a violência não é apenas o crime explícito. Ela tem um espectro muito mais amplo, que passa pela forma como as pessoas se comportam no trânsito, furam filas de cinema, gritam com as outras e, mais grave do que tudo, sacam suas armas como se fossem pistoleiros nos saloons do velho oeste.

O artigo não vai analisar os prejuízos do crime organizado. Não é necessário chegar nele para mostrar que esta realidade não pode ter final diferente do verificado em todo o país. Além dos custos diretos em mortes, perda de patrimônio e interrupção de serviços essenciais, a violência interfere na saúde mental das pessoas e isso também custa e muito.

Neste cenário não tem como seguro custar barato. Ele se baseia no mutualismo e na divisão dos prejuízos indenizados por todos os componentes do grupo. Ou seja, é mais um custo para aumentar a conta paga pela sociedade brasileira em função de um viés de sua realidade atual.

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