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Opinião | Seguro de veículos poderia ser aliado contra acidentes de trânsito, mas poucos carros são protegidos

Menos de 25% dos veículos seguráveis da frota nacional têm hoje algum tipo de seguro

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Foto do author Antônio  Penteado Mendonça

O Brasil é um dos campeões mundiais de acidentes de trânsito, com e sem vítimas. São mais de 400 mil vítimas por ano, e um número bem maior de colisões e acidentes de todos os tipos, apenas com danos materiais. É um quadro complicado, que tem na origem diversos fatores, que vão da imprudência dos motoristas às condições das vias.

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Agora, nos meses de férias, esse quadro se agrava. As estradas nacionais não têm condições de receber o fluxo de veículos que as invadem em busca da praia perfeita, da montanha com a vista mais bonita ou para visitar o parente que mora longe.

São milhões de veículos de todos os tipos, bom número deles sem condições mínimas de manutenção para “pegarem a estrada”. Como se não bastasse, boa parte dos motoristas não tem a competência necessária para dirigir em estradas. E um outro grupo não tem a consciência necessária para não ingerir bebida alcoólica antes de dirigir. O resultado são os acidentes se multiplicando ao longo dos milhares de quilômetros de rodovias nem sempre bem policiadas que cortam o Brasil.

Mas o quadro é mais complicado. Falhas no traçado e falta de manutenção das estradas também são responsáveis diretos e indiretos por outros milhares de acidentes, engrossando uma estatística que, no total, chega perto de 40 mil mortos e centenas de milhares de feridos todos os anos.

O seguro de veículos seria um aliado natural das forças do bem Foto: Wilton Junior/Estadão

Infelizmente, não tem o que fazer. Nem no curto, nem no médio prazo o quadro vai mudar. Seguiremos tendo milhares e milhares de acidentes, porque as autoridades nacionais não estão preocupadas em realmente enfrentar o problema. Assim, os motoristas seguirão sendo pouco fiscalizados, dirigindo sem habilitação, embriagados ou em veículos sem a menor condição de enfrentar as ruas e as estradas nacionais.

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O seguro de veículos seria um aliado natural das forças do bem. As vistorias realizadas pelas seguradoras seriam capazes de retirar das ruas os veículos sem manutenção, e a verificação dos motoristas também minimizaria a quantidade de motoristas não habilitados. Finalmente, a negativa de indenização para os acidentes causados por motoristas embriagados seria mais uma forte inibidora dos acidentes. Mas essa realidade é um sonho distante. Estamos longe de ter seguros nessa quantidade. Assim, o quadro segue triste.

De verdade, menos de 25% dos veículos seguráveis da frota nacional têm algum tipo de seguro, incluído o seguro obrigatório, que, aliás, acaba de ser revogado pelo governo.

É muito provável que, como acontece ano após ano, no fim das férias o número de acidentes de trânsito e de suas vítimas mais uma vez bata o recorde anterior. Sendo que, neste verão, tem mais uma agravante: o Brasil está com a economia superaquecida, a taxa de emprego é recorde e tem muito dinheiro em circulação. É perfeitamente justo que as pessoas queiram viajar nas férias, se divertir e descansar. Mais gente nas estradas quer dizer mais motoristas despreparados, sem habilitação, embriagados ou dirigindo veículos sem condições mínimas de segurança. Ou seja, tem tudo para agravar um quadro que é trágico já faz muito tempo.

Opinião por Antônio Penteado Mendonça

Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e secretário-geral da Academia Paulista de Letras

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