O desemprego tem duas consequências para os planos de saúde privados. A primeira é imediata. Os segurados estão antecipando o uso do plano com medo de perder o emprego. quer dizer, procedimentos que seriam feitos ao longo do tempo, quando necessários, estão sendo feitos imediatamente, para garantir o atendimento, no caso de, mais para frente, ser despedido e perder o plano.
A segunda é que o desemprego diminui a receita das operadoras, ou seja, elas estão com menos caixa para fazer frente às suas despesas. Quase 70% dos planos de saúde privados são planos empresariais, planos dados pelas empresas para seus colaboradores. Quando eles são dispensados, a empresa os retira da lista de segurados, reduzindo a receita futura da operadora do plano.
A soma da antecipação do atendimento, portanto do aumento imediato das despesas, com a queda do faturamento é perversa e é capaz de abalar o caixa de uma operadora afetada pelo desemprego de seus segurados.
Não é hora de fazer política ou demagogia com os planos de saúde privados. O risco é o SUS que já não dá conta do recado, ter que atender mais gente, além dos que estão perdendo o emprego, pela quebra forçada da operadora.
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