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Arcabouço fiscal: Lira quer votar projeto de lei na Câmara até dia 10 de maio

Ministro da Fazenda quer concluir a votação na Câmara e no Senado ainda no primeiro semestre

Foto do author Weslley Galzo
Atualização:

BRASÍLIA – Minutos após receber das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta terça-feira, 18, o projeto de lei complementar (PL) do arcabouço fiscal, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL) disse que o texto pode ser votado na Casa até o dia 10 de maio.

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A declaração do parlamentar foi feita no Palácio do Planalto, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e foge do protocolo adotado por ele de comentar as questões relativas ao governo na Casa em que preside.

“Não é o presidente que determina a aprovação ou não. Ele (presidente) somente vai fomentar as discussões, facilitar o debate e pautar o debate no tempo adequado. Nós temos um compromisso e um desafio muito grande de discutir a reforma tributária no primeiro semestre”, disse Lira. “É importante que nós tenhamos o arcabouço e todas as suas condicionantes discutidas e votadas antes da reforça tributária. Portanto, a gente tem prazo. Se nós pudermos cumprir o prazo até o dia 10 de maio na Câmara, eu acho que atende bem e dá um debate tranquilo no tema.”

ARCABOUÇO BRASÍLIA DF 18.04.2023 FERNANDO HADDAD / ARCABOUÇO FISCAL NACIONAL OE - O ministro Fernando Haddad (Fazenda) e o Presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira durante entrevista coletiva após o governo entregar o arcabouço fiscal aos representantes do Congresso Nacional, na tarde desta terça-feira (18) no Palácio do Planalto em Brasília. O arcabouço fiscal é um conjunto de medidas, regras e parâmetros para a condução da política fiscal - controle dos gastos e receitas de um país. O governo busca, com isso, garantir credibilidade e previsibilidade para a economia e para o financiamento dos serviços públicos como saúde, educação e segurança pública. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO Foto: ESTADAO CONTEUDO / ESTADAO CONTEUDO

O presidente da Câmara havia prometido concluir as discussões sobre o arcabouço na Casa em apenas quinze dias. Ao lado de Lira nesta terça, Haddad afirmou que deseja ter o projeto aprovado pelo Senado ainda no primeiro semestre deste ano para avançar nas discussões sobre a reforma tributária e elaborar o projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) do ano que vem.

Lira ainda afirmou que a nomeação do relator do projeto deve ocorrer na próxima quarta-feira, 19, e o nome do escolhido não deve surpreender. Como mostrou o Estadão, os principais parlamentares cotados para relatar o texto na Câmara são os deputados Fernando Monteiro (PE) e Arthur Fufuca (MA), ambos do PP, partido de Lira. Questionado se a escolha de um relator de fora da base do governo Lula deve afetar a tramitação do projeto, o presidente da Câmara apenas ironizou e disse que os parlamentares trabalharão para aprovar a medida.

“Nossa confiança é plena. Nós teremos um bom resultado, uma boa lei, que servirá de base para outras medidas que se seguirão e aí a gente vai ter a ajuda de todos. Uma compreensão sempre muito transparente do que vai ser tratado, como uma antessala da reforma tributária”, disse Lira.

Segundo o presidente da Câmara, as medidas complementares ao arcabouço para ampliar a arrecadação devem facilitar a aprovação da reforma tributária e antecipar discussões nessa área. “(A reforma tributária) é outra questão nacional e outros interesses vão dificultar ou facilitar (a aprovação). Vai depender da nossa competência em votar um arcabouço justo e das medidas saneadoras que sirvam de alicerce para ele”, disse Lira.

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O PL do arcabouço fiscal foi divulgado pelo Ministério da Fazenda às 15h40 da tarde. Menos de uma hora depois, Lula e Haddad entregaram o texto nas mãos de Lira e do vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). O plano inicial do governo era fazer a apresentação do projeto logo após a reunião conduzida por Lula com governadores, prefeitos e chefes de Poderes para tratar da escalada de violência nas escolas, mas a ideia foi abondada pois Lira estava retornando a Brasília no horário e não pode comparecer ao evento.

BRASILIA DF NACIONAL ARCABOUCO FISCA LULA 18-04-2023 CAPTION Governo Lula envia projeto de arcabouvßo fiscal ao Congresso PHOTOGRAPHER/CREATORNA FOTO COM AS PRESENCAS DE RODRIGO PACHECO E FERNANDO HADDAD FOTO Ricardo Stuckert-Presidencia da Republica Foto: ESTADAO / undefined

Participaram da reunião, além de Lula, Haddad, Veneziano e Lira, o vice-presidente Geraldo Alckimin (PSB), os ministros Rui Costa (PT), da Casa Civil, Simone Tebet (MDB), do Planejamento, Alexandre Padilha (PT), das Relações Institucionais e o secretário executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo. Também estiveram presentes os líderes do governo na Câmara, Guimarães, no Senado, Jacques Wagner (PT-BA), e no Congresso, Randolfe Rodrigues (Redes-AP).

O encontro ocorreu a portas fechadas. Nem mesmo fotógrafos da imprensa puderam entrar na sala para registrar a entrega do projeto, que figura até o momento como a maior iniciativa do governo encaminhada ao Congresso.

Arcabouço e arrecadação

O texto do novo marco fiscal contém sete páginas e dez artigos com os limites da margem de crescimento das despesas acima da inflação, entre 0,6% (piso) e 2,5% por ano. O projeto também estabelece limites individualizados para o crescimento das despesas dos Poderes Executivo, Judiciário e Ministério Público, Tribunal de Contas da União e Defensoria Publica.

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Diferentemente do apresentado inicialmente pela equipe econômica, o projeto não inclui as trajetórias de metas fiscais de resultado primário das contas públicas anunciada pelo ministro Haddad: 0% em 2024; 0,5% 2025 e 1% em 2026, último ano do governo Lula. Essa informação antecipada pelo Estadão na semana passada e causo preocupação entre os operadores da Bolsa de Valores.

Ao comentar o texto após a entrega aos presidentes do Congresso, Haddad não soube estimar o nível de crescimento das despesas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) que o arcabouço permitirá a partir de 2024. Para ampliar as receitas, o governo Lula pretende agora minimizar o atual patamar de renúncia fiscal do País. Cada renúncia fiscal indevida é uma pessoa passando fome”, afirmou.

“Nós temos 600 bilhões de renúncia fiscal no orçamento federal. Nós estamos querendo rever um quarto dessa renúncia para garantir a sustentabilidade fiscal do País. É algo que já está na agenda desse País há muitos anos”, disse Haddad.

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Horas antes da divulgação do texto do arcabouço fiscal, Haddad teve de recuar da proposta de taxar compras de e-commerce entre pessoas físicas no valor de até US$ 50 dólares. O governo agora fala em arrecadar nessa área por meio de medidas administrativas que minimizem o contrabando e as tentativas de burlar a receita federal. O ministro da Fazenda disse ter oito meses para encontrar essa solução que permita ampliar as receitas.

“O que estamos contra é a um grupo econômico que não gera um imposto de trabalho no Brasil concorrendo em situações extremamente vantajosas em relação aos outros portais e ao comércio em geral”, afirmou o ministro.

Haddad disse que vai encaminhar na semana que vem projeto do voto de minerva do Conselho de Administração de recursos Fiscais (Carf) por meio de lei ordinária e com pedido de urgência para atender. “Semana que vem, outras medidas vão chegar (ao Congresso).”

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