Arcabouço: inclusão do Fundeb no limite de gastos aperta regra a médio e longo prazo, revela Tesouro

Secretário Rogério Ceron minimizou brecha que permite ao governo gastar mais na largada; deputados pressionam para que fundo retorne à lista de exceções do novo marco

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Foto do author Mariana Carneiro
Atualização:

BRASÍLIA – Sem citar valores, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, revelou que o relatório do projeto do novo arcabouço fiscal contém alterações que tornam a regra mais apertada a médio e longo prazos. Um das razões é a inclusão no limite do novo teto de gastos das despesas para o Fundeb, fundo para a manutenção de desenvolvimento da educação básica.

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“A valor presente, o espaço é negativo”, disse Ceron, que não quis mostrar, no entanto, de quanto seria a diminuição do espaço fiscal. Ele citou um prazo entre 2026 e 2027.

A fala do secretário foi feita quando ele criticava estimativas feitas por economistas do mercado, que apontaram um espaço maior de R$ 80 bilhões para despesas nos primeiros anos de funcionamento da nova regra fiscal para as contas públicas.

Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional. Foto: Wilton Junior/Estadão

Pelos cálculos do Tesouro, o aumento no espaço para a despesas seria de R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões em relação ao projeto do governo. Mas, em seguida, acabou deixando escapar que, no médio prazo, essa diferença seria negativa em relação ao projeto original.

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“O fim do Fundeb (como exceção ao limite do teto de gastos) no arcabouço consome espaço orçamentário”, disse. Ele minimizou o brecha prevista no relatório que permite que o aumento dos gastos em 2024 (primeiro ano de vigência da regra) seja de 2,5% acima da inflação, o topo do limite prevista no projeto, que varia de 0,6% a 2,5%.

Pressão

Na véspera da votação, marcada para essa semana, há uma pressão para que o Fundeb seja retirado do teto de despesas e incluído de novo na lista das exceções.

No relatório do novo arcabouço fiscal, apresentado na semana passada, o relator, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), retirou da lista de exceções do limite de gastos da nova regra as despesas com Fundeb, que passam a ficar sujeitas ao “teto” do novo marco.

O relator, porém, incluiu um dispositivo que estabelece que o crescimento dos valores do fundo seja somado ao limite de gastos, como mostrou o Estadão. O texto diz que o teto “acompanhará” o crescimento das despesas do Fundeb – ou seja, quando o fundo cresce, o teto sobe na mesma medida para compensar.

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É que a Constituição já prevê uma “escada” nas despesas com fundo até 2026, ampliando gradualmente os recursos para educação. Pelo relatório, cada degrau, conforme o projeto do arcabouço, vai ser acrescido ao limite de gastos do Executivo no período. Com isso, a participação da União no fundo sobe, de 2020 a 2026, de 10% para 23%.

Ceron explicou que, embora o relatório tenha incluído o Fundeb dentro do limite do novo teto de gastos, há de se considerar uma “dinâmica com a receita” que ocupa espaço fiscal, maior até do que do que o ganho. Ele não detalhou o que seria essa dinâmica.

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