A Arezzo e o Grupo Soma anunciaram hoje a fusão de suas operações, com o potencial de criar uma das maiores empresas brasileiras de moda. O faturamento combinado será de R$ 12 bilhões, com geração de caixa de R$ 1,5 bilhão e lucro de R$ 750 milhões. A nova empresa, cujo nome não foi divulgado, abrigará 34 marcas. Entre elas, Arezzo, Schutz, Reserva e Vans (da Arezzo & Co) e Hering, Farm, Animale (da Soma). Também terá mais de 2 mil lojas.
Desde que rumores sobre a retomada das negociações para a combinação de negócios começaram a vir a público, a alta nas ações da Arezzo e do Grupo Soma superou os 12%. Um dos motivos seriam as sinergias nos negócios cruzados entre as duas empresas, bem como ganhos em produção, negociação com fornecedores e gestão.
“O cenário de aumento de competição induz organizações a se integrarem para se tornarem mais competitivas, seja na racionalização de custos e estruturas, seja na ampliação de suas competências complementares - e esse seria um dos determinantes mais estratégicos para essa fusão”, diz Marcos Gouvêa De Souza, diretor-geral da consultoria Gouvêa Ecosystem. “De forma mais objetiva, o setor de moda e vestuário no Brasil está muito mais competitivo e desafiador pois, além dos fatores naturais de aumento da concorrência e desafios pela ampliação da oferta de novas marcas, categorias, canais e players, incluindo a própria indústria operando varejo, temos também as plataformas de e-commerce globais, com isenção de impostos de importação, em flagrante desigualdade competitiva com marcas e negócios formais estabelecidos no País.”
Para ele, as duas organizações foram e são visionárias na sua maneira de operar no mercado interno e também externo e essa “fusão poderá torná-las ainda mais relevantes no mercado interno e estimular uma presença mais forte no mercado externo, onde também existem competências complementares a serem potencializadas”.
“Entendemos que o sentido estratégico (do negócio) é o fato de ser a forma mais curta e rápida para consolidar o mercado de moda de alta renda, com um portfólio de marcas que andam juntas: calçado e roupa feminina”, afirma a assessoria de investimentos Nomos.
Para Lucas Rietjens, analista da Guide Investimentos, a operação tem a seu favor ainda o histórico de sucesso de alocação de capital de Arezzo. A companhia realizou inúmeras aquisições que se provaram frutíferas nos últimos anos, como foi o caso da Reserva. Agora, está próxima de incorporar todo o Grupo Soma por um valuation (avaliação) em torno de R$ 6 bilhões, montante muito próximo que a Soma pagou somente na Hering, quando realizou a aquisição em 2021, de R$ 5,1 bilhões. Na opinião de Rietjens, a transação tende a ser positiva para os acionistas de ambos os grupos.
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O outro lado da criação de uma empresa deste porte, contudo, é justamente a gestão sem perda de eficiência e a capacidade de conciliar diferentes culturas. Segundo o Citibank, a Hering é a maior do portfólio (com 20% de participação), seguida por Arezzo (13%), AR&CO (13%) e Farm (11%). Além disso, teria um “mix” de canais diversificado, com atacado representando 31% das vendas totais; lojas próprias, 28%; e-commerce, 23%; e franquias, 17%.
Um obstáculo que a operação ainda enfrentará é a resistência de alguns acionistas relevantes, preocupados com o endividamento da Soma e também porque não está previsto no acordo o pagamento de prêmios, e sim uma troca de ações.
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