BUENOS AIRES - A Argentina está pronta para aproveitar o cancelamento de compras chinesas de soja do Brasil, afirmou o presidente da Associação da Cadeia de Soja Argentina (Acsoja), Miguel Calvo, em entrevista ao Broadcast. No entanto, ele reconheceu que a oferta de soja argentina é limitada, já que a colheita começou há apenas 20 dias.
Estimativas da analista Emilse Terre, da Bolsa de Cereais de Rosario, apontam colheita até o momento de 5% da área semeada na safra 2012/13, que deve resultar em uma produção de 48 milhões de toneladas de soja. A Argentina teria condições, segundo ela, de embarcar imediatamente somente 2,5 milhões/t. No entanto, o volume disponível pode aumentar rapidamente à medida que a colheita avance, observou Calvo.
A China é o principal comprador de soja. A produção mundial é liderada pelo Brasil (83,5 milhões/t), Estados Unidos (82 milhões/t) e Argentina, conforme estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos(USDA). A projeção inicial do UDSA para a produção argentina, ainda não corrigida, é de 51,5 milhões/t.
Ela destacou que a Argentina abastece 50% da demanda mundial de farelo de soja e é líder também no fornecimento de óleo de soja. "A produção argentina, preferentemente, é destinada à indústria e não à exportação da soja em grão", explicou.
O esmagamento de soja na Argentina demanda cerca de 36 milhões/t, o que deixaria disponível para exportação em torno de 12 a 13 milhões/t.
O presidente da Acsoja concordou com a analista. "Os jogadores (as empresas) do Brasil, Argentina e Estados Unidos são dinâmicos e têm capacidade de resposta imediata para atender à demanda mundial de soja", afirmou.
Clima desfavorável
O clima não tem sido muito favorável à safra argentina de soja neste ciclo. O excesso de chuvas retardou a implantação das lavouras. Depois, um longo período de estiagem afetou o potencial de rendimento. Na última semana, foi a preocupação foi a queda de temperatura. Foram registradas geadas em áreas produtoras no final de semana. Produtores chegaram a estimar perda de 6% nos rendimentos dos campos mais produtivos de Chacabuco, Junín, Dragado, Chivilcoy e outros, disse Natália Colombo.
"Se houver mais geadas, poderá haver mais perdas", alertou Natália Colombo. O temor se deve ao atraso da implantação de grande parte da soja, o que deixa parte da área em maior risco tendo em vista a fase de desenvolvimento tardia, o que posterga também a colheita.
Segundo a analista da Bolsa de Rosario, a colheita está começando tarde em várias regiões, mas "está evoluindo bem em Santa Fe". Porém, no centro e no norte do país choveu forte, o que deve complicar a colheita pela dificuldade de colocar as máquinas no campo.
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