Armínio Fraga havia pensado em anular o voto no segundo turno eleitoral, como já havia feito em 2018, mas decidiu declarar o voto no candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. O sócio da Gávea Investimentos considera a margem de 6 milhões de votos entre Lula e Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno ainda insuficiente para decidir a eleição.
“Vou declarar apoio a Lula. Pensei em anular para indicar pouca confiança nos dois finalistas, pensando nas oportunidades desperdiçadas pelo PT no poder. Não vejo uma margem suficiente e, como já disse, os riscos aumentaram”, declarou Armínio.
Crítico da gestão Bolsonaro, Armínio foi peça fundamental no governo Fernando Henrique Cardoso, à frente do Banco Central. Ele avalia como “muito otimista” a reação do mercado ontem, com a disparada das ações de estatais depois da eleição de um Congresso amplamente conservador e o desempenho de Bolsonaro nas urnas melhor do que mostravam as pesquisas de intenção de votos.
Armínio respondeu aos questionamentos do Estadão/Broadcast por e-mail e se mostrou preocupado com a indefinição do cenário eleitoral polarizado entre os dois candidatos e chamou a atenção para a governabilidade na eventual vitória de Lula. “Tenho sido muito crítico do atual governo. Com mais poder no Congresso, minhas preocupações aumentaram ainda mais. E em caso de uma vitória de Lula, vai ser difícil governar.”
Como todo o eleitorado, a ausência de um debate de propostas concretas incomoda o economista. Na antevéspera da votação em primeiro turno, um debate na TV Globo reuniu sete candidatos à Presidência numa tentativa de orientar o eleitor sobre o que pensam os postulantes ao cargo. O que deveria ser uma discussão em torno de propostas virou uma longa e rasa troca de acusações pessoais.
“Faz falta aprofundar os debates sobre temas políticos, sociais e econômicos. Sobre tudo, na verdade”, diz Armínio. Questionado sobre qual o tema considera com potencial para se transformar num divisor de águas para eleitores ainda indecisos, ele responde com a defesa de manutenção do estado democrático. “Para o eleitorado, confesso que não sei. Para mim, a garantia de que a qualidade da nossa democracia não será prejudicada.”
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