BRASÍLIA - A Receita Federal informou nesta sexta, 26, que a arrecadação do governo federal com impostos, contribuições e demais receitas atingiu R$ 202,588 bilhões em julho deste ano, alta real (descontada a inflação) de 7,47% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
O valor registrado neste ano também é o maior para o mês de julho desde o início da série histórica da Receita Federal, iniciada em 1995. Ou seja, o maior para o mês em 28 anos.
A série é atualizada pela inflação. Até então, o recorde havia sido registrado em julho do ano passado.
Nos sete primeiros meses do ano, a arrecadação federal somou R$ 1,292 trilhão, também o maior volume para o período desde o início da série histórica, 1995. O montante representa um avanço real de 10,44% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Segundo chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, arrecadação cresce em um patamar nominal de 23% entre janeiro e julho de 2022. O recolhimento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) acumula crescimento de 20,83%. No caso do Imposto de Renda Retido em Fonte (IRRF) de investimentos cresceu 61,43% em razão da alta dos juros e do desempenho dos fundos e títulos de renda fixa.
“Começamos a ver com mais clareza o impacto do crescimento da atividade na arrecadação”, diz a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, que cita o crescimento de serviços e a melhora do mercado de trabalho. Vitória também elenca o aumento de recolhimentos com lucros das empresas, alavancado pelo desempenho das commodities. “O ciclo positivo de commodities tem impacto na nossa economia, não só na balança comercial, mas também no resultado fiscal”, afirmou.
Para ela, a leitura de julho já mostra alguns impactos das desonerações de impostos de importações e de IPI, reduzidos há mais tempo pelo governo. Nas próximas divulgações, será possível ver uma desaceleração também do crescimento de PIS/Cofins sobre os combustíveis, segundo a economista.
Ela pondera que o movimento não deve ter um impacto muito significativo nos recolhimentos totais, diante de uma expectativa de desempenho ainda forte da economia. “O patamar da arrecadação vai continuar elevado, o que vamos ver é o crescimento dessa arrecadação desacelerar.”
O coordenador de Previsão e Análise da Receita, Marcelo Gomide, afirmou que a tendência é de que as receitas administradas registrem alta de até 5% ao longo do ano. Ele explicou que o crescimento real tende a diminuir no segundo semestre, diante do bom desempenho da arrecadação no ano passado. Já o crescimento de receitas não administradas, como os royalties, devem registrar um crescimento robusto ao longo do ano ano, diante do preço das commodities.
Já o banco Inter prevê alta de 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, com avanço de 0,9% na comparação com o trimestre anterior. Para o terceiro trimestre, a atual projeção de estabilidade na margem pode em breve passar por revisão e se transformar em um leve crescimento, de acordo com Vitória.
“Ainda não vemos os sinais de queda da atividade que eram esperados com o impacto da Selic e de um cenário internacional de menor demanda da China e dos Estados Unidos. Estamos com o mercado doméstico aquecido, tanto por serviços quanto por estímulos.” / COM BROADCAST
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.